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8 de abr. de 2011

     O Presidente Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, João Pedro Stédile, um dos principais organizadores do movimento balaiada que tentou resistir à cassação do ex-governador Jackson Lago ocupando as dependências do Palácio dos Leões, me disse com exclusividade que o líder pedetista foi assassinado politicamente pelas oligarquias nos tribunais.

     Stédile destacou que a aproximação do MST  com o ex-governador Jackson Lago foi  em decorrência da sua  coerência, do compromisso político que demonstrava pelo povo e por tudo que ele representou para derrotar a oligarquia que mandava no Maranhão há 40 anos. “O governo Jackson poderia ter sido o início da mudança, mas infelizmente não houve forças populares suficientes para mantê-lo no governo e derrotar de fato a oligarquia Sarney, por isso ele foi apeado do poder da forma mais estúpida possível. As oligarquias usaram nos tribunais”, denuncia.
     Segundo o dirigente do MST, para que houvesse a cassação, forjaram um processo incabível com a única finalidade de subtrair a vontade popular e que, posteriormente, surgiu a Ficha Limpa.  “Agora o Supremo Tribunal Federal derrubou a tal da Ficha Limpa, então podemos dizer que Jackson foi assassinado politicamente, ou exilado de novo em 2009, e agora o STF, há duas semanas, concedeu anistia, mas já era tarde, de nada  adiantava, a eleição já havia passado”, lamentou.  
     Para João Pedro Stédile, o ex-governador  fez parte de uma geração de lutadores do povo, de verdadeiros revolucionários que durante os últimos 40 anos viveu intensamente todo o processo de luta política do país. “Ele viveu o assenso de massa no período João Goulart, pagou o preço da Ditadura Militar, depois ajudou a reconstruir as organizações democráticas do nosso país e viveu agora no final esse descenso do movimento de massas que estamos sofrendo até hoje com a hegemonia dos interesses do capital, com a hegemonia dos ante-valores da política”, observa.
     O dirigente ruralista ressalta ainda que Jackson permaneceu com sua coerência ao longo dos 40 anos em que combateu as oligarquias. “Ele foi coerente com seu compromisso com o povo, coerente com suas idéias socialistas, teve coerência no modo de se comportar como político que ascende aos cargos públicos para usa-lo para o povo, quando hoje o que vemos são políticos fazendo carreira para se aproveitar dos cargos públicos”, denuncia.
     João Pedro Stédeli está seguro que Jackson vai deixar muita saudade, mas que está deixando principalmente um legado importante: “é possível ter homens públicos coerentes, honestos e pobres”.
     Sobre o refluxo dos movimentos de massa no Brasil, o líder do MST enfatizou que o país vive ainda um momento de transição, porque saiu de uma Ditadura, depois teve 20 anos de neoliberalismo e agora está vivendo um estágio de resistência a esse liberalismo, mas que o povo está fora da política.
     “O movimento de massas está em descenso, o povo não está participando da vida política brasileira, por isso até o presidente Lula, sendo o nosso maior líder popular contra a Ditadura, não conseguiu fazer um governo popular, fez um governo de conciliação de classes justamente porque o povo esteve ausente e eu espero que esse ciclo que estamos vivendo agora seja rápido e que nós alcancemos um novo período de reascensão do movimento de massas e de maior participação  popular na vida pública e na vida política. Com a volta da ascensão do movimento de massas, o povo voltará a participar da vida política, dando oportunidade   para que surjam outros militantes iguais a Jackson. Ele foi fruto do nosso povo, viveu intensamente a vida dele com o povo, agora outros Jackson só surgirão se o povo se mexer”, adverte.

Fora do tom
     Alguns parlamentares do bloco de oposição ficaram intrigados com o fato do presidente do Senado, José Sarney, está distribuindo nota de solidariedade a vítimas de tragédias.
     Lembram que o senador do Amapá deveria se solidarizar também com as famílias das dezenove crianças que morreram no Maranhão por falta de UTI neonatal.

Cartel
     A provável cartelização nos preços dos combustíveis nos postos de São Luís, começa a despertar atenção nacional.
     Ontem, o ministro Edison Lobão, em entrevista à Rádio São Luís, anunciou que vai autorizar a Agência Nacional de Petróleo investigar a padronização dos preços nos revendedores.  
     
Passando a limpo
     Diante de tantas denúncias da classe empresarial maranhense, a Assembleia Legislativa marcou para o dia 19 próximo audiência pública para esclarecer o que ocorreu com a Vale.
     Para o autor da proposta, deputado Neto Evangelista, será  uma grande oportunidade para a mineradora se defender  da denúncia de que teria dado  calote nas empresas  prestadoras de serviço e provocado a quebradeira delas.

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