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26 de out. de 2011

Após inquérito no Supremo Tribunal Federal e sucessão de novas denúncias, ministro decide entregar o cargo à presidenta Dilma

Tales Faria e Clarissa Oliveira, iG São Paulo


O aumento das pressões provocadas pelo inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) e a sucessão de novas denúncias de irregularidades no Ministério do Esporte levaram o ministro Orlando Silva a acatar o pedido feito pelo Palácio do Planalto e entregar o cargo. Líderes de partidos da base já haviam sido comunicados ontem sobre a provável demissão, embora não houvesse garantias de que a saída se concretizaria de fato nesta quarta-feira.



O plano, num primeiro momento, é manter a pasta sob comando do PC do B, mas a ordem é não formalizar a decisão enquanto o nome de um substituto não for definido. Foram ventilados nomes como os do deputado Aldo Rebelo (SP) e do presidente da Embratur, Flávio Dino (PC do B-MA) e da ex-prefeita de Olinda Luciana Santos (PC do B-PE). Mas permanece na mesa a possibilidade de a pasta ficar temporariamente nas mãos do secretário-executivo  - hoje o posto é ocupado por Waldemar Manoel Silva de Souza (PC do B-RJ) - ou de um interino. Segundo líderes da base, foi colocada a ideia de deixar a crise esfriar para fazer uma substituição definitiva em um cenário de menor tensão política.


A decisão de Orlando Silva de entregar o cargo, antecipada nesta manhã pela coluna Poder Online, foi sacramentada em reunião no Palácio do Planalto, entre a presidenta Dilma Rousseff, o ministro, dirigentes do PC do B, e o chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Mais cedo, já circulava a informação de que a saída de Orlando Silva era iminente e que Dilma deveria decidir seu destino ainda hoje, como adiantou o colunista do iG Guilherme Barros.


Foto: AE
Ministro do Esporte resistiu às pressões na semana passada, mas inquérito no STF dificultou permanência no cargo




Todo o processo que culminou na decisão de trocar o comando do ministério foi traçado com o objetivo de preservar a autoridade de Dilma. A saída de Orlando Silva era consenso desde a semana passada e veio a público horas antes do horário agendado para o depoimento do policial João Dias Ferreira na Câmara dos Deputados. Delator do esquema no Esporte, Ferreira desistiu em cima da hora de comparecer ao Congresso para falar sobre as denúncias.


Faxina


Com a saída de Silva, a presidenta Dilma Rousseff perde seu sexto ministro em apenas 11 meses de governo. A "faxina" comandada na Esplanada dos Ministérios já derrubou Pedro Novais (PMDB-MA) do Turismo, Wagner Rossi (PMDB-SP) da Agricultura, Antonio Palocci (PT-SP) da Casa Civil, Alfredo Nascimento dos Transportes (PR-AM) e Nelson Jobim da Defesa (PMDB-RS). Apenas Jobim não caiu após denúncias de corrupção. Ele se afastou após a repercussão negativa provocada por declarações polêmicas sobre o governo e colegas de ministério.


A demissão do ministro do Esporte também remove mais um integrante do grupo de ministros herdados da administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em geral, Dilma tem escolhido nomes de sua confiança e de perfil mais técnico para substituir os ministros afastados em decorrência de denúncias de corrupção.
 
*Com informações de Ricardo Galhardo e Nara Alves, iG São Paulo, e Agência Estado

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