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17 de nov. de 2011

Camila Campanerut
Do UOL Notícias, em Brasília

A presença nesta quinta-feira (17) do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no Senado pode ser decisiva para a manutenção dele no cargo. Em audiência prevista para as 9h30 de hoje, na Comissão de Assuntos Sociais, Lupi deve apresentar provas de sua versão sobre uma viagem que fez ao Maranhão em um avião particular, em dezembro de 2009.

Uma reportagem da revista “Veja” do último fim de semana mostrou que Lupi cumpriu uma agenda oficial no Maranhão usando um avião privado providenciado por Adair Meira, dono de duas ONGs que possuem convênios com o ministério –sendo que uma delas é investigada por irregularidades.

Ainda no fim de semana, Lupi, por meio de nota, negou a carona e afirmou que os deslocamentos foram de responsabilidade do diretório regional do PDT no Estado –versão negada pelo presidente pedetista regional, Igor Lago.

Na segunda-feira (14), uma foto divulgada pelo site “Grajaú de Fato” mostrou que Lupi também teria desembarcado de um avião modelo King Air, contrariando a informação dada pelo ministério de que ele havia utilizado o modelo Sêneca.

No dia seguinte (15), a revista “Veja” publicou um vídeo no qual Lupi apareceu perto de Adair Meira, ligado à Fundação Pró-Cerrado e Renapsi (Rede Nacional de Aprendizagem, Promoção Social e Integração), ambas com convênios com a pasta. Na semana passada, durante fala na Câmara dos Deputados, Lupi afirmou que não conhecia Adair Meira.  

Relembre as frases de Lupi para se defender

eslei Marcelino/Reuters/Arte UOL

As contradições tiveram repercussão na oposição, que conseguiu aprovar a convocação de Lupi ao Senado e uma nova convocação para ele falar na Câmara –ainda sem data marcada. 

A oposição também entrou com representação contra o ministro na Procuradoria Geral da 
República por crime de responsabilidade.

Até dentro do partido dele, o PDT, o apoio para Lupi manter-ser no cargo já não é unânime.

Histórico

Na semana passada, Lupi já esteve na Câmara para dar esclarecimentos sobre acusações da revista "Veja" de que haveria um esquema de cobrança de propinas instalado por servidores da pasta. O ministro disse desconhecer o fato e pediu sindicância interna para descobrir quem seriam os possíveis envolvidos.

Irregularidades envolvendo viagem em jatinhos já derrubaram o então ministro da Agricultura, o peemedebista Wagner Rossi. Em agosto, Rossi deixou o governo Dilma após comprovação de que usou várias vezes um jatinho pertencente a uma empresa que tinha negócios com o ministério, a Ourofino Agronegócios.

Nos últimos seis meses, cinco ministros deixaram seus cargos depois de denúncias de irregularidades: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte). A exceção foi Nelson Jobim (Defesa), que deixou sua pasta após fazer diversas críticas públicas ao governo petista.

Entenda as acusações contra os ministérios

  • O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, em entrevista
Segundo reportagem da revista “Veja” do dia 5 de novembro, integrantes do Ministério do Trabalho cobram propina para liberar repasses para ONGs.
De acordo com a publicação, funcionários exigiriam comissão de 5% a 15% do valor dos convênios para resolver supostas "pendências". O foco dos convênios era a realização de cursos sobre capacitação profissional.

O ministro Carlos Lupi (Trabalho) determinou a abertura de uma investigação interna e afastou o coordenador-geral de qualificação da pasta, Anderson Alexandre dos Santos. Lupi também pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Polícia Federal investigue as denúncias.

Santos e o deputado federal Weverton Rocha (PDT-MA), que até outubro era assessor especial de Lupi, são apontados pela revista como integrantes do esquema de extorsão. Os dois não foram localizados.

Lupi disse que "não vê fundamento" nas acusações. "Denúncia em que o denunciante não aparece é algo que nos deixa na dúvida de saber qual o interesse da denúncia. Quem denuncia tem que apresenta provas", disse.

A situação de ministro, porém, se agravou após um site do Maranhão divulgar imagens que contrariam a versão de que ele não teria usado, em 2009, um avião providenciado por Adair Meira, dono de ONGs com convênios com a pasta.

O ministério havia dito que Lupi se deslocou em um avião modelo Seneca. A foto o mostra, entretanto, descendo de uma aeronave modelo King Air, a mesma que, segundo a "Veja", teria sido providenciada por Meira.

Lupi também negou na Câmara dos Deputados que conhecesse Meira, um vídeo divulgado na no site da “Veja”, porém, mostra imagens dos dois juntos.

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