Em
entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o presidente da Embratur,
Flávio Dino, alerta que altos preços praticados no turismo interno do
Brasil tem feito com que mais brasileiros viajem ao exterior, em vez de
fazer trajetos nacionais. Dino explica que o problema só será superado
quando for resolvida a questão dos altos preços de alguns serviços
turísticos no Brasil.
O
jornal Folha de S. Paulo deste domingo trata do problema do déficit na
conta externa de turismo do Brasil - quando o que os brasileiros gastam
em viagens ao exterior supera o que os estrangeiros gastam em viagens no
Brasil.
"A
entrada de turistas de outros países no Brasil está crescendo acima da
média mundial e vai crescer ainda mais fortemente a partir deste ano",
avalia o presidente da Embratur, Flávio Dino.
"Contudo,
questões cambiais e de preços têm levado milhões de brasileiros a
viajarem para o exterior. Isso explica o déficit na conta turismo. A
reversão desse quadro depende de maior oferta de produtos turísticos,
mais concorrência e preços melhores na aviação e na hotelaria."
Com
o crescimento do gasto de brasileiros no exterior, o déficit aumentou
de US$ 5,2 bilhões, em 2008, para US$ 15,6 bilhões em 2012. A reportagem
de capa da Folha, sobre o tema, expõe as ações da Embratur para superar
esse problema, como a criação de 13 escritórios de representação
comercial do Brasil no exterior.
Entre 2011 e 2012 (desde o início da gestão de Flávio
Dino à frente da Embratur), o fluxo do turismo internacional no país
cresceu 20% acima da média mundial. Em um ano, o número de turistas
cresceu 4,5%. Mas, para aumentar a arrecadação com o turismo no Brasil, é
necessária ação conjunta entre setores público e privado.
“O Ministério do Turismo, que cuida das ações
internas, tem se esforçado para que os brasileiros
viajem mais pelo Brasil e para que tenhamos preços melhores. Mas muita
coisa depende do setor privado,” disse Dino.
Em ação recente, a Embratur interveio na alta dos
preços de hotéis durante eventos internacionais realizado no Brasil. Um
caso emblemático foi o ocorrido durante a Rio+20, em que diversos
visitantes deixariam de vir ao país devido às altas tarifas da estadia.
Flávio Dino atuou como mediador com o setor de hotéis e houve diminuição
dos preços cobrados, evitando a baixa no número de participantes do
evento.
Outros exemplos de política de atração de turistas
internacionais promovida pela Embratur com a diminuição dos preços dos
pacotes turísticos é que Flávio Dino defende a política de “céus
abertos” no Brasil - uma forma de tentar diminuir os valores das
passagens aéreas em trechos nacionais – e a aceleração do fim da
obrigatoriedade dos vistos para americanos e brasileiros.
Veja abaixo, matéria completa do jornal Folha de S. Paulo
Preços limitam a visita de turistas e até de brasileiros
Pacotes para o Caribe ou a Turquia ficam mais baratos que viagem ao Nordeste; escritórios promoverão Brasil
Embratur vai abrir 13 escritórios para promover o Brasil em países do exterior; hoje, não há nenhum
DE BRASÍLIA
A
advogada Liane Magalhães fez as contas: ir à praia na Republica
Dominicana era mais barato do que passear uma semana na Bahia. Grávida
de seis meses, a economista Patrícia Correia montou um roteiro de
descanso e compras em Miami, nos EUA.
Enquanto
isso, a mestre em linguística Fabiana Pfluger, que mora em Constanz, na
Alemanha, preteriu o Brasil, onde vive sua família, para passear na
Turquia. Fator determinante: a estadia num resort, com refeições,
custava a metade do preço.
Há consenso de que o Brasil é um país caro, e isso tem afetado a imagem do país.
"O
custo Brasil é inviável para o turista médio internacional", diz o
professor Mario Carlos Beni, para quem os valores desencorajam até mesmo
quem tem renda em euros, libras ou ienes, moedas mais valorizadas. "Não
é só a passagem aérea, mas o hotel e os serviços também."
Por
causa das grandes distâncias entre as cidades brasileiras, os turistas
que querem conhecer várias regiões se assustam com o custo.
Uma
boa opção seria uma ação conjunta na região para oferecer pacotes
incluindo vários países da América do Sul, não só o Brasil.
"Enquanto o turismo no mundo todo é intrarregional, aqui ainda é muito fraco", reconhece Flavio Dino, presidente da Embratur.
Ele
mostra uma conta: se o Brasil conseguir atrair metade dos 10 milhões de
americanos que viajam pela América Latina, excetuando o México, as
receitas saltariam dos US$ 774 milhões anuais para cerca de US$ 7
bilhões --metade da meta para 2020.
O
Brasil também perdeu com a desaceleração dos desembarques de argentinos
no Brasil. O país vizinho é a principal origem de visitantes para cá:
1,67 milhão de pessoas em 2012. Também lidera o ranking em gastos: US$
1,38 bilhão no período.
É
quase o dobro do que gastaram os EUA, segundo lugar da lista. Os 586
mil americanos desembolsaram US$ 774 milhões. No caso da Argentina,
enquanto o desembarque cresceu 14% em 2011, avançou só 4% em 2012,
segundo a Embratur.
E
há pouco motivo para otimismo: no último mês de março, o governo
vizinho elevou a 20% os encargos das compras internacionais com cartões,
para limitá-las.
O
presidente nacional da Associação Brasileira de Agências de Viagens,
Antonio Azevedo, conta um caso curioso: grandes operadores
internacionais oferecem como destino Foz do Iguaçu, um dos cartões
postais do Brasil, com entrada pelo Paraguai. Argumento: o vizinho é
mais econômico.
Para evitar distorções assim, a Embratur vai investir em 13 escritórios
internacionais cuja missão é promover o Brasil. Serão 3 nos EUA, 2 na
América do Sul, 7 na Europa e 1 no Japão.
Hoje, não há nenhum.
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