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8 de out. de 2011

PSD diz ter filiado 620 prefeitos no País. "Prefeito detesta oposição", diz secretário-geral da sigla presidida por Kassab

Adriano Ceolin, iG Brasília, e Ricardo Galhardo, iG São Paulo

Foto: AE 
A senadora Kátia Abreu, o prefeito Kassab e o vice-governador Afif comemoram registro do PSD

Valeu tudo na reta final para filiação de políticos que planejam disputar a eleição de 2012. Na prática, o que menos influenciou foram questões ideológicas. Nos bastidores, o que mais se comentou foi o uso do poder financeiro para atrair filiados. E, na maioria dos casos, o que mais pesou foi a vontade de fazer parte do grupo aliado à presidenta Dilma Rousseff (PT).

Nesse sentido, o recém-criado PSD é o maior exemplo. O secretário-geral do partido, Saulo Queiróz, disse que a sigla conseguiu filiar ontem 620 prefeitos no País. Sem meias palavras, ele explicou o motivo para tamanha adesão. “O partido não tem carimbo de oposição. E qualquer prefeito detesta ser de oposição”, afirmou ao iG.

Quando for confirmado o número revelado por Queiróz pela Justiça Eleitoral, o PSD se tornará o terceiro maior partido no País com o maior número de prefeitos. “Vamos ficar na frente do PT e atrás apenas do PSDB e do PMDB”, disse. Em 2008, o PMDB ganhou nas urnas 1.203 prefeituras. O PSDB conquistou 787 prefeitos e o PT, 557.

Ainda segundo Queiróz, a filiação de vereadores também foi um sucesso. Ele estima que o total ficará entre 5 a 6 mil donos de cadeiras em Câmara Municipais espalhadas em mais de 3.700 cidades _o Brasil tem 5.655 municípios. “É uma média de dois vereadores por cidade”, ressaltou Queiróz. “Em 2012, devemos ter 12 mil candidatos a vereador”.

O partido teve como embrião um grupo do DEM insatisfeitos em ser oposição. Sob o comando do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, a sigla amealhou descontentes em todos os partidos existentes no País. Na Câmara, a bancada deverá ser formada por cerca de 60 deputados _como o iG antecipou 45 já declararam oficialmente pertencer ao PSD.

Interesses locais

Os governadores de Estado também tiveram influência no troca-troca partidário. Em Santa Catarina, aliados do governador Raimundo Colombo disseram que todos os prefeitos que pertenciam ao DEM migraram para o PSD.

“Isso é impressionante”, afirmou o deputado Renan Filho (PMDB-AL), comentando o que ocorreu em solo catarinense. “Em Alagoas, nós filiamos um prefeito”, disse. Trata-se do prefeito Lula Cabeleira, de Delmiro Gouvêia, município do sertão alagoano.

Na Bahia, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), irmão do ex-ministro Geddel Vieira Lima, reclamou da ação do vice-governador baiano Otto Alencar sobre prefeitos e vereadores peemedebistas do Estado. Alencar deixou o PP e aderiu ao PSD também

“Valeu tudo mesmo nessa política de cooptação, dinheiro e até ameaça”, disse Lúcio, sem revelar nenhum caso específico. Em Salvador, ele achou curioso a migração do vereador Alcindo da Anunciação, que saiu do PSL para o PT, do governador Jaques Wagner.

Apesar das reclamações, o PMDB baiano filiou o ex-prefeito de Salvador Mário Kértesz. “Ele é um potencial candidato a prefeito nosso”, afirmou Lúcio.

No Paraná, a briga entre o senador Roberto Requião (PMDB-PR) e o ex-vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) rendeu a saída dos filhos Bruno e Moisés Pessuti. Eles migraram para o PSC. Adversários acreditam que a intenção de Orlando é ser vice na chapa de Ratinho Jr. (PSC).

Do PSDB para o PT

Em São Paulo, surpreendeu a mudança de prefeitos do PSDB e do DEM para o PT. O prefeito de Santa Lúcia, Antonio Carlos Abuabud Júnior, deixou o ninho tucano para aderir ao PT de Dilma e Luiz Inácio Lula da Silva. Já o prefeito Juliano Ribeiro Garcia, de Álvares Machado, e o vice-prefeito Élio Piccello, de Guarantã (SP), Élio Piccello, saíram do DEM para o PT.

No ABC paulista, um ex-adversário feroz do PT também resolveu abrir um canal de negociação com o pré-candidato petista a prefeito de Santo André Carlos Grana. Trata-se de Raimundo Salles, que em janeiro deste ano chegou a assumir uma vaga de deputado federal por um mês.
Em 2008, Salles disputou a prefeitura andreense pelo DEM. Agora ele acaba de se filiar ao PDT, partido que mantém aliança nacional com o governo Dilma. Ele pode sair candidato em 2012 para evitar a vitória de Aidan Ravin (PTB) no primeiro turno e ajudar Grana no segundo.

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