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9 de fev. de 2013


* Por Josué Moura

José Sarney deixa o cargo de presidente do Senado brasileiro confirmando algo que o povo e seus adversários políticos no Maranhão sempre disseram: Sarney não tem palavra!

Astuto, frio, dissimulado, um verdadeiro discípulo de  Maquiavel, o octogenário José Sarney não se sente nem um pouco constrangido em receber uma comissão de seu Estado, firmar um compromisso e depois fazer de conta que nada aconteceu.

Pois foi assim que se deu. Por duas vezes, Sarney enrolou o povo do Maranhão do Sul e agora sai da presidência do Senado sem cumprir sua palavra, dada no último encontro com lideranças do Maranhão do Sul, o de colocar na pauta do Senado para votação o projeto PDS 2/2007 de 09/02/2007 do senador Edison Lobão que institui plebiscito para criação do Maranhão do Sul.

Aqui na região tocantina, sul do estado e creio que até no resto do Maranhão, não tem um ser vivente que acredite que realmente Sarney queira  ou faça qualquer coisa para atender os anseios dessa banda de cá do estado no sentido de sua emancipação para a criação de um novo Estado, o tão falado Maranhão do Sul, sonho que vem embalando gerações desde a Revolta de Pastos Bons, de 1828 que tinha por objetivo a República dos Pastos Bons, depois no período republicano posterior projeto de um Estado que seria constituído dos territórios do sul do Maranhão, sudeste do Grão-Pará, norte do Goiás e sul do Piauí.

O Maranhão do Sul só sai se Sarney quiser, ou talvez se Sarney morrer, é a voz do povo, que muita gente diz que é também "a voz de Deus". 

Mas, mesmo sendo contra  desde a criação do movimento pelo Maranhão do Sul, já em nossos dias, depois quando projetos foram dado entrada nas duas casas de Lei, Sarney disse que não era contra. Em tom demagógico dizia que não poderia "ir contra os anseios do povo". A atitude dissimulada de Sarney encorajou os lideres do movimento que formaram uma comissão composta até pelo saudoso bispo Dom Gregory e foram à Brasília ter uma audiência com o dono do Maranhão, pedir-lhe a anuência para sermos independentes, nos livramos do seu jugo.

Sarney recebeu a Comissão e disse que "não lhe chamassem para ser um militante da causa", mas que nada faria contra a criação do novo Estado. Nossas lideranças voltaram eufóricos com a esperança novamente acesa e muitos diziam: "Agora vai!" Que nada, forças estranhas travaram o projeto do então deputado federal Sebastião Madeira (PSDB).
Depois veio a eleição de Jackson Lago, saudada no Brasil inteiro pelo fim de um ciclo, a derrota da Oligarquia Sarney! Achando que não retomariam mais o mando no Maranhão, um dos vassalos sarneysistas de alta patente, o senador Edison Lobão, vislumbrou a chance de virar governador do futuro Maranhão do Sul e deu entrada num projeto no senado. Mesmo com essa possibilidade de continuarmos sob o domínio sarneysista, os sul maranhenses se alegraram novamente e festejaram. "Agora vai", diziam novamente os líderes do movimento, pois tinham a certeza que Lobão não entraria com um projeto no Senado sem a permissão de seu chefe.

É verdade, mas um fato fez com que Lobão frustrasse novamente nosso sonho. Um processo corria contra Jackson Lago pela cassação de seu mandato e novamente Sarney e seu grupo retomariam o governo do Maranhão. Não deu outra, o golpe judiciário deu certo e o Roseana, "a guerreira" voltou. "Pra que Maranhão do Sul? o governo é nosso novamente", com certeza raciocinaram Lobão e Sarney, então mais uma vez o sonho não se concretizou e os processos ficaram dormindo nas gavetas da Câmara e do Senado.

De lá pra cá muitos tentaram colocar na pauta das duas casas os projetos que na verdade não criam o novo estado mas pelo menos permite o plebiscito para decidir sobre a criação do Maranhão do Sul. Muitos anos depois de nós o Pará e o Tapajós tiveram seus plebiscitos, ou seja passaram na nossa frente. O deputado Ribamar Alves conseguiu apensar o projeto do então deputado Madeira ao dele.

De uns dois anos pra cá deputados sarneysista andaram tentando ganhar votos em nome dessa causa. Até alguns oportunistas como o deputado Chiquinho Escórcio (PMDB-MA), outro lacaio sarneysista, entrou com um pedido na Câmara para que o projeto fosse colocado na pauta. Sabia que não seria colocado sem a anuência do velho, dai ficou só no discurso pra galera através da bravatas de um fanfarrão.

Em 2011, o deputado Lourival Mendes (PTdoB-MA), entrou com um novo projeto, veio aqui na região e novamente rescendeu as esperanças. Depois Lourival criou uma Frente Parlamentar pró-Maranhão do Sul e chegou a realizar um almoço com deputados na casa do líder da bancada maranhense na Câmara, deputado Sarney Filho. 
Todos foram unânimes em dizer que estaria mais fácil colocar na pauta o projeto do senador Lobão e que deveríamos ir até o presidente do senado José Sarney para pedir o seu apoio novamente.

No dia 12 de abril de 2012, formamos nova comissão, desta vez composta na maioria  de gentes  ligadas ao grupo Sarney (Frente Popular pró-Maranhão do Sul), pessoal do Comitê Maranhão do Sul, liderado pelo empresário Fernando Antunes e uns poucos oposicionistas, e capitaneados por Lourival Mendes lá fomos nós à  Brasília para uma nova audiência com Sarney. Este nos recebeu e depois de ouvir da boca deste escriba que aqui não acreditavam que ele fosse a favor da criação e que até manipulava para não dar certo, rebateu dizendo que não era contra, chamou sua assessoria, se informou sobre o projeto e prometeu colocá-lo na pauta (leia).

Voltamos para imperatriz e fomos alvo de galhofa do povo, quase todo mundo que se referia ao assunto dizia que "Maranhão do Sul só depois que Sarney morrer". Estavam certos, no outro dia Sarney baixou ao hospital, depois de algumas semana voltou e não se falou mais no assunto. 

Depois veio o período eleitoral, cada um foi atras de votos e o Maranhão do Sul foi mais uma vez esquecido - a não ser por mim, um pingo d'água nesse mar da política. Lourival sequer atende recados quando o assunto é o Maranhão do Sul. O que houve, deputado?

Agora Sarney sai da presidência do Senado, mais tarde, queira Deus da vida pública e talvez, lá pelos 100 anos, parta  para o outro mundo. Eita que o Maranhão do Sul vai demorar!

* Josué Moura é jornalista (de Imperatriz-MA) Email:

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