* Por Josué Moura
José Sarney deixa o cargo de presidente do Senado brasileiro confirmando
algo que o povo e seus adversários políticos no Maranhão sempre disseram:
Sarney não tem palavra!
Astuto, frio, dissimulado, um verdadeiro discípulo de
Maquiavel, o octogenário José Sarney não se sente nem um pouco
constrangido em receber uma comissão de seu Estado, firmar um compromisso e
depois fazer de conta que nada aconteceu.
Pois foi
assim que se deu. Por duas vezes, Sarney enrolou o povo do Maranhão do Sul e
agora sai da presidência do Senado sem cumprir sua palavra, dada no
último encontro com lideranças do Maranhão do Sul, o de colocar na pauta do
Senado para votação o projeto PDS 2/2007 de 09/02/2007 do senador Edison Lobão que institui plebiscito para criação do
Maranhão do Sul.
Aqui na região tocantina, sul do estado e creio que até no resto do Maranhão,
não tem um ser vivente que acredite que realmente Sarney queira ou faça
qualquer coisa para atender os anseios dessa banda de cá do estado no sentido
de sua emancipação para a criação de um novo Estado, o tão falado Maranhão
do Sul, sonho que vem embalando gerações desde a Revolta de Pastos Bons,
de 1828 que tinha por objetivo a República dos Pastos Bons, depois
no período republicano posterior projeto de um Estado que seria
constituído dos territórios do sul do Maranhão, sudeste do Grão-Pará, norte do
Goiás e sul do Piauí.
O Maranhão
do Sul só sai se Sarney quiser, ou talvez se Sarney morrer, é a voz do povo,
que muita gente diz que é também "a voz de Deus".
Mas, mesmo
sendo contra desde a criação do movimento pelo Maranhão do Sul, já em
nossos dias, depois quando projetos foram dado entrada nas duas casas de
Lei, Sarney disse que não era contra. Em tom demagógico dizia que não
poderia "ir contra os anseios do povo". A atitude dissimulada de
Sarney encorajou os lideres do movimento que formaram uma comissão composta até
pelo saudoso bispo Dom Gregory e foram à Brasília ter uma audiência com
o dono do Maranhão, pedir-lhe a anuência para sermos independentes,
nos livramos do seu jugo.
Sarney
recebeu a Comissão e disse que "não lhe chamassem para ser um militante da
causa", mas que nada faria contra a criação do novo Estado. Nossas
lideranças voltaram eufóricos com a esperança novamente acesa e muitos diziam:
"Agora vai!" Que nada, forças estranhas travaram o projeto do então
deputado federal Sebastião Madeira (PSDB).
É verdade,
mas um fato fez com que Lobão frustrasse novamente nosso sonho. Um processo
corria contra Jackson Lago pela cassação de seu mandato e novamente Sarney e
seu grupo retomariam o governo do Maranhão. Não deu outra, o golpe judiciário
deu certo e o Roseana, "a guerreira" voltou. "Pra que Maranhão
do Sul? o governo é nosso novamente", com certeza raciocinaram Lobão e
Sarney, então mais uma vez o sonho não se concretizou e os processos ficaram
dormindo nas gavetas da Câmara e do Senado.
De lá pra
cá muitos tentaram colocar na pauta das duas casas os projetos que na verdade
não criam o novo estado mas pelo menos permite o plebiscito para decidir sobre
a criação do Maranhão do Sul. Muitos anos depois de nós o Pará e o Tapajós tiveram
seus plebiscitos, ou seja passaram na nossa frente. O deputado Ribamar Alves
conseguiu apensar o projeto do então deputado Madeira ao dele.
De uns dois anos pra cá
deputados sarneysista andaram tentando ganhar votos em nome dessa
causa. Até alguns oportunistas como o deputado Chiquinho Escórcio (PMDB-MA),
outro lacaio sarneysista, entrou com um pedido na Câmara para que o
projeto fosse colocado na pauta. Sabia que não seria colocado sem a anuência do
velho, dai ficou só no discurso pra galera através da bravatas de um fanfarrão.
Em 2011, o deputado Lourival Mendes
(PTdoB-MA), entrou com um novo projeto, veio aqui na região e novamente
rescendeu as esperanças. Depois Lourival criou uma Frente Parlamentar
pró-Maranhão do Sul e chegou a realizar um almoço com deputados na casa do
líder da bancada maranhense na Câmara, deputado Sarney Filho.
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Todos
foram unânimes em dizer que estaria mais fácil colocar na pauta o projeto do
senador Lobão e que deveríamos ir até o presidente do senado José
Sarney para pedir o seu apoio novamente.
No dia 12
de abril de 2012, formamos nova comissão, desta vez composta na
maioria de gentes ligadas ao grupo Sarney (Frente Popular pró-Maranhão
do Sul), pessoal do Comitê Maranhão do Sul, liderado pelo empresário Fernando
Antunes e uns poucos oposicionistas, e capitaneados por Lourival Mendes lá
fomos nós à Brasília para uma nova audiência com Sarney. Este
nos recebeu e depois de ouvir da boca deste escriba que aqui não acreditavam
que ele fosse a favor da criação e que até manipulava para não dar certo,
rebateu dizendo que não era contra, chamou sua assessoria, se informou sobre o
projeto e prometeu colocá-lo na pauta (leia).
Voltamos
para imperatriz e fomos alvo de galhofa do povo, quase todo mundo que se
referia ao assunto dizia que "Maranhão do Sul só depois que Sarney
morrer". Estavam certos, no outro dia Sarney baixou ao hospital, depois de
algumas semana voltou e não se falou mais no assunto.
Depois veio o período eleitoral, cada um foi atras de votos e o Maranhão do Sul foi mais uma vez esquecido - a não ser por mim, um pingo d'água nesse mar da política. Lourival sequer atende recados quando o assunto é o Maranhão do Sul. O que houve, deputado?
Depois veio o período eleitoral, cada um foi atras de votos e o Maranhão do Sul foi mais uma vez esquecido - a não ser por mim, um pingo d'água nesse mar da política. Lourival sequer atende recados quando o assunto é o Maranhão do Sul. O que houve, deputado?
Agora
Sarney sai da presidência do Senado, mais tarde, queira Deus da vida
pública e talvez, lá pelos 100 anos, parta para o outro mundo. Eita que o
Maranhão do Sul vai demorar!
* Josué
Moura é jornalista (de Imperatriz-MA) Email:
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