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2 de dez. de 2011


A presidente Dilma Rousseff disse ontem ao ministro Carlos Lupi (Trabalho) que a única chance de ele permanecer no cargo até a reforma ministerial é fornecer explicações "convincentes" sobre o fato de ter ocupado, simultaneamente, dois cargos públicos por quase cinco anos.

O acúmulo ilegal, na Câmara dos Deputados em Brasília e na Câmara Municipal do Rio, foi revelado pela Folha ontem e resgatou no governo a disposição de vê-lo fora da Esplanada.

Lupi se reuniu ontem com Dilma no Planalto para falar sobre a recomendação da Comissão de Ética de exonerá-lo, decisão que irritou a presidente. Antes da reunião, ele disse a assessores em tom de brincadeira: "Estou pronto para voltar para casa".

Lupi saiu da conversa ainda ministro, mas com a determinação de se defender não só da questão do duplo emprego, mas também da recomendação da Comissão.

No governo, espera-se uma definição até o início da próxima semana. Dilma retorna de uma viagem à Venezuela no domingo, quando voltará a tratar do assunto.

"O ministro esteve aqui e disse que vai oficiar à Comissão de Ética pedindo os elementos da decisão, acho que inclusive a ata, para recorrer", afirmou Helena Chagas (Comunicação Social).

Procurado, o ministro não se manifestou ontem. Sua assessoria não informou quando ele entregará suas justificativas para o Planalto.

Interlocutores de Dilma avaliavam que a revelação sobre o duplo emprego era mais problemática que a recomendação da Comissão. Na Câmara dos Deputados, a reportagem levou à abertura de uma sindicância para apurar o acúmulo de funções.

Na pior das hipóteses, o procedimento resultará na devolução do dinheiro recebido por ele no período. Mas, politicamente, é uma demonstração da perda de apoio do pedetista.

Além de opositores do governo, que pediram ao Ministério Público para abrir uma ação civil pública e uma ação penal contra o ministro, pedetistas disseram que a situação de Lupi piorou com a revelação do duplo emprego.

CRIME

Questionado, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que "em tese" o ministro Lupi cometeu crime ao ter sido funcionário-fantasma da Câmara entre 2000 e 2006, fato revelado pela Folha. Ele disse que a acumulação de cargos pode até configurar "irregularidade administrativa" e "improbidade", mas não é tão relevante para a área criminal.

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