Em sua biografia, presidente do Senado chama Ulysses de 'político menor' e atribui fracassos do seu governo ao então presidente da Câmara
Rosa Costa, de O Estado de S. Paulo
Após atribuir, na sua biografia, os fracassos de seu
governo ao então presidente da Câmara Ulysses Guimarães - a quem chamou
de "político menor" -, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP),
mudou o tom e nesta segunda-feira, 15, na sessão em memória aos 20 anos
da morte do deputado, tentou passar a ideia de que ambos conviviam quase
como almas gêmeas."Até nossos desencontros foram enriquecedores, éramos
remanescentes de um tempo raro que começava a desaparecer", disse
Sarney para a plateia de admiradores de Ulysses.
Ed Ferreira/AE
Temer e Sarney conversam e sessão solene em homenagem a Ulysses Guimarães
O senador contradisse o que mandou a sua biógrafa escrever. O texto
na ocasião sofreu duros ataques do senador peemedebista Jarbas
Vasconcelos, para quem - ao falar mal de Ulysses - Sarney adotou "um dos
comportamentos humanos mais reprováveis, que é atacar quem não pode se
defender". No livro, Sarney afirma que Ulysses Guimarães "não tem
grandeza nem espírito público. É um político menor, que tem o gosto da
arte da política, puro gosto do jogo, nada mais".
O presidente do Senado discursou depois do vice-presidente da
República, Michel Temer. Na cerimônia, Sarney afirmou que Ulysses
"sempre soube atuar muito bem sobre os núcleos de decisões. Ele sabia
como estas são tomadas e sabia atuar no momento exato. Ele era uma voz
que não podia deixar de ser ouvida e uma força de equilíbrio. Ele era o
muro da lamentação dos aflitos e marginalizados pelas lideranças nas
lutas parlamentares e a todos sabia untar com os santos óleos da
paciência, nos purgatórios das esperas", afirmou. Disse ainda que
"Ulysses Guimarães era um exímio costurador e alinhavava com extrema
perfeição a conspiração da boa causa. Muitas vezes, depois de uma
palavra, um discurso, um gesto duro, aparecia em nossa casa, eu,
presidente do PDS, para convidar-me a conspirar para queimar etapas na
então transição "lenta, gradual e segura", elogiou.
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