Janaina Garcia
Do UOL,
Do UOL,
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul confirmou pouco depois das 11h
desta segunda-feira (28) as prisões de um dos proprietários da boate
Kiss, de Santa Maria (301 km de Porto Alegre), e de dois músicos da
banda Gurizada Fandangueira. O grupo se apresentava no local, na
madrugada desse domingo (28), quando um incêndio tomou conta da boate e
deixou mais de 230 mortos.
Em entrevista ao UOL, um dos delegados do caso,
Antonio Firmino Neto, disse que um quarto e último mandado de prisão
preventiva deverá ser cumprido "nas próximas horas" com a apresentação
de um terceiro integrante da banda. Entre os presos, afirmou o policial,
dois deles --os dois músicos --já prestaram depoimento hoje cedo.
"Eles assumem que usaram pirotecnia no show, mas, obviamente, tentam se
livrar da responsabilidade pelo caso", declarou o delegado.
Mais cedo, o advogado do empresário Elissandro Callegaro Spohr (um dos
donos da Kiss), Jader Marques, confirmara a prisão do cliente, internado
desde ontem (27) em um hospital de Cruz Alta (RS). De acordo com
Marques, "Kiko", como Spohr é conhecido, teve de ser hospitalizado
devido à inalação de fumaça e está sob custódia policial.
Conforme a Polícia Civil, os dois integrantes da banda foram presos nos municípios gaúchos de Mata e São Pedro do Sul.
De acordo com o advogado de Spohr, o empresário passa por
desintoxicação da fumaça inalada no incêndio. "Estou indo até ele, pois a
informação que recebi foi a da prisão", disse. Indagado se vai recorrer
da medida, o advogado resumiu: "Tenho que analisar ainda, pois o
Judiciário no Estado só funciona a partir do meio dia", justificou
Marques, que completou: "O Kiko está absolutamente à disposição da
Justiça", resumiu.
Ontem de madrugada, um incêndio no interior da boate causou a morte de mais de 230 jovens --a maioria, entre 16 e 20 anos.
Foto 18 de 55 - João
Paulo Pozzobom era estudante de agronomia, da Universidade Federal de
Santa Maria. Ele e a namorada, Micheli Froehlich Cardoso, morreram no
incêndio que matou mais de 230 pessoas, em sua maioria jovens, na boate
Kiss, em Santa Maria (RS) Mais Reprodução/Facebook
MP quer prisões
Hoje de manhã, em entrevista à rádio Gaúcha em Santa Maria, a promotora
responsável pela 3ª Vara Criminal de Santa Maria, Waleska Flores
Agostini, afirmou que o Ministério Público pediria a prisão preventiva
de responsáveis pelo incêndio ainda esta semana.
Análise
"Isso [pedir preliminarmente a prisão de responsáveis pela tragédia] é
possível", disse a promotora, que confirmou ainda pedidos de mandados de
busca e apreensão obtidos na Justiça, pelo Ministério Público, nas
casas dos proprietários da boate.
Por outro lado, a promotora preferiu não especificar os alvos dos
pedidos de prisão --se dos donos da boate, de integrantes da banda
Gurizada Fandangueira e ou de outros envolvidos no caso.
Na entrevista, a promotora informou ainda que ontem mesmo o MP já
obteve resposta favorável da Justiça a medidas cautelares que pediram
busca e apreensão nas casas dos proprietários da boate. Também à rádio, o
advogado de um dos sócios da empresa, Jader Marques, confirmou o
cumprimento do mandado na residência do cliente.
"O procurador-geral de Justiça do Estado designou promotores para
acompanhar essa investigação", disse a promotora, que citou os
depoimentos colhidos pela Polícia Civil e "algumas providências do MP"
como importantes para os passos seguintes. "Ainda é prematuro dizer o
que houve e o tipo de responsabilidade de quem. Como se trata de uma
investigação criminal, dependemos de alguns passos que serão tomados
ainda esta semana", concluiu.
Governador pede "apuração rigorosa"
Também hoje cedo, o governador Tarso Genro (PT)
disse em entrevista à rádio Gaúcha de Santa Maria que seguiria à cidade
da tragédia, juntamente com o procurador-geral de Justiça do Estado,
Eduardo Veiga, para acompanhar os trabalhos de investigação do
Ministério Público e da Polícia Civil sobre o incêndio.
"Agora é o momento de tomarmos todas as providências para apurar
responsabilidades , que têm que ser investigadas profundamente pelo MP,
e, depois pelo Judiciário", disse Genro.
"Disponibilizaremos [ao MP e à
Polícia] todas as condições necessárias para que tenham uma apuração
rigorosa", definiu o governador, que preferiu não adiantar eventuais
responsabilizações. "Temos que ver se tivemos ações ou omissões que
determinem isso", resumiu.
Genro disse ainda que não descarta a criação de uma força-tarefa
estadual para auxiliar o município "não só a melhorar a legislação, como
também para aumentar fiscalização, se for o caso", em casas noturnas.
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