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15 de out. de 2014

Editorial – Jornal Pequeno
 
Sendo a transição governamental um processo que objetiva propiciar condições para que o candidato eleito possa receber de seu antecessor todos os dados e informações necessários à implementação do novo governo, é imperioso desarmar os espíritos. Principalmente porque a campanha no Maranhão ganhou rumos inesperados e nada republicanos, fundados numa baixaria, que, partindo da candidatura governamental, chegou a assustar os maranhenses.

Do processo de transição depende a continuidade da atividade administrativa, dos serviços públicos, depende a preservação do interesse público, e é este o momento de pensar unicamente no fortalecimento do sistema democrático.

O deputado federal eleito, José Reinaldo Tavares, revela o temor de que uma ocasional eleição de Dilma Rousseff acabe propiciando a criação de um governo paralelo nesse Estado. Mas essa é uma possibilidade ainda mais assustadora para esse Maranhão que precisa respirar, soerguer-se, sentir o gosto da paz, depois de tantos embates. Estamos, como a Teresa Batista, de Jorge Amado, cansados de guerra.

A democracia pressupõe, porque é de sua natureza, a oposição. Mas não se pode conceber um poder paralelo criando obstáculos a um governo que se inicia na árdua missão de substituir um modelo político que quase sempre falhou, fazendo deste o estado mais pobre da Federação. A transição precisa ser feita sem traumas, com honestidade de propósitos, pensada, de parte a parte, posto que é finda a batalha eleitoral, a partir do bem estar da população.

Quem preside um país ou governa um estado precisa estar acima dos interesses mesquinhos que regem a luta pelo poder. Aliás, projeto de poder é uma coisa, projeto de governo é outra bem distinta. É até difícil crer que o presidente ou a presidente de um país possa se prestar à tarefa de arrastar o povo de um estado inteiro, como o Maranhão, em mais pobreza e desilusão do que já viveu. Lembrando sempre que foi confundindo projeto de governo com projeto de poder, que o Partido dos Trabalhadores patrocinou os maiores escândalos de corrupção deste país.

Vamos esperar que as equipes de transição indicadas pela governadora Roseana Sarney e pelo governador eleito, Flávio Dino, sejam capazes de agir com foco apenas no interesse público e torcer para que os temores revelados pelo deputado federal José Reinaldo Tavares não se concretizem em nenhuma hipótese. Cansa-nos repetir a frase “O Maranhão não merece isso”, e não é possível que homens públicos não tenham a consciência exata do peso de suas responsabilidades.

Espanta-nos, até, que as conseqüências políticas da estrondosa vitória do povo maranhense permaneçam na dependência do resultado do segundo turno da eleição presidencial. Oposição, sim, porque é natural do processo democrático; poder paralelo seria um desastre, um crime de lesa-pátria que o povo maranhense não está obrigado a aceitar.

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