Carlos
Madeiro
Do UOL, em São Luís
Do UOL, em São Luís
Os
moradores de bairros de classe média e alta de São Luís estão preocupados com a
escalada da violência em São Luís. O UOL circulou, domingo (12), por
alguns dos locais nobres da capital maranhense, e ouviu muitas críticas dos
moradores.
Todos os
entrevistados relataram que a insegurança cresceu nos últimos anos, pediram mais
policiais e acusaram o governo de ser ineficiente no combate ao crime.
Segundo a
aposentada Maria Aparecida Senra, 70, que mora em São Luís há três anos, a
violência aumentou nesse período. "A gente está com medo de sair de casa,
de ir às ruas, e a todos os lugares. Tem que andar com dinheiro no bolso, o
documento é só uma cópia. Não podemos andar de bolsa. Nem a banco eu vou, quem
vai por mim agora é meu filho", disse.
A
aposentada disse que chegou a ir ao Complexo Penitenciário de Pedrinhas e ficou
chocada com a situação. "Fui lá, uma coisa absurda. Morro de pena de quem
mora ali perto", disse a morador do Alto do Calhau.
Para o
engenheiro Manoel Menezes, 61, a segurança pública sempre foi um problema, mas
ele concorda que os índices cresceram nos últimos tempos.
"De
uns tempos para cá, isso virou um caldeirão. Lá o presídio é dominado por
facções. Dá a impressão que eles comandavam o crime aqui fora, antes; e agora,
como foram presos, comandam de lá", afirmou.
Menezes
também critica a gestão penitenciária do governo.
"Houve
dinheiro que veio de Brasília, mas o investimento não foi realizado. A
governadora [Roseana Sarney] foi ineficiente e mostrou um total descompromisso
com a situação. Lembro que [José] Sarney teve seu primeiro mandato aqui em
1963, com discurso de mudança. E desde lá nada mudou", disse.
O
representante de medicamentos Neto Dias, 37, concorda que o governo foi
ineficiente no controle da situação dos presídios.
"É
um descaso do poder público, que deixou as coisas correrem soltas. Por anos
foram tapando o sol com a peneira, e a questão do presídio foi só um estopim. A
violência já vinha ocorrendo, temos bairros sitiados", disse.
Críticas
Para
outros moradores de São Luís, o posicionamento da governadora Roseana Sarney
(PMDB) diante da crise foi equivocada.
A
fonoaudióloga Sandra Valéria Santos, 36, disse que tentar ligar a crise na
segurança com um suposto enriquecimento do Estado foi uma declaração que não
convenceu. "O posicionamento dela foi muito infeliz, com palavras que não
apresentaram nada. Só dizer que o Maranhão está se desenvolvendo não
convence", afirmou.
Para a
estudante de direito Carla Paz, 28, a Força Nacional demorou a ser acionada e
poderia ter agido antes para evitar a morte de uma menina de seis anos,
queimada em um ataque a ônibus.
"O
sistema carcerário está defasado, mal estruturado, tem que ter o princípio da
dignidade. Não pode ser assim, como é hoje. O Maranhão não está bem, como disse
a governadora. Aqui não está preparado nem para receber turistas", disse.
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