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6 de jan. de 2014

Pré-candidato ao governo do Maranhão pelo PCdoB, o presidente da Embratur, Flávio Dino, falou com exclusividade ao 247 sobre a situação da segurança pública no Estado, onde os ônibus deixaram de circular após uma onda de ataques extremamente violenta na capital São Luís a partir de ordens dadas por presidiários; "É a ponta de um iceberg, que mostra falta de autoridade e descontrole total no Maranhão"; Dino diz ainda que o artigo 34 da Constituição já permitiria uma intervenção no Estado governado por Roseana Sarney; "Por muito menos, houve uma intervenção federal no Espírito Santo"

247 - Se a sensação nas ruas de São Luís é de medo, diante da onda de violência e da decisão do sindicato dos ônibus de impedir a circulação dos coletivos, a temperatura também deve subir no campo político. Em entrevista exclusiva ao 247, o pré-candidato ao governo estadual, Flávio Dino, afirmou que já existem condições jurídicas para uma intervenção federal no Maranhão. "Dois casos que permitem intervenção são o comprometimento da ordem pública e o desrespeito aos direitos humanos", diz Dino. "Por muito menos, houve intervenção no Espírito Santo". 

Dino, que é presidente da Embratur e filiado ao PCdoB, se refere à intervenção ocorrida em 2002, no governo FHC, que atingiu seu aliado José Ignácio, também tucano, e que se mostrava incapaz de combater o crime organizado no Estado. Doze anos depois, no Maranhão, a situação seria ainda mais grave, segundo Dino. "No presídio de Pedrinhas, 60 pessoas morreram no ano passado e outras duas foram mortas neste ano", afirma ele. 

O político também classifica como "irresponsável" a declaração do ex-presidente José Sarney, que teria rotulado a crise como "briga de bandidos", que ocorreria dentro dos presídios. "Nos presídios, estão sendo mortos, os presos mais fracos, os mais frágeis. Fora deles, a população está sendo atacada e agora ficou sem transporte público, impedida de retornar ao lar depois do trabalho".

Dino diz que a crise da segurança pública no Maranhão é estrutural. "É o estado com menor número de policiais por habitante em todo o País. Aqui, existe um policial para cada 800 habitantes, quando a média nacional é de 1 para 415", afirma. "Ou seja, é quase a metade". A consequência natural, diz ele, foi o aumento da violência. Dino afirma que o número de homicídios em São Luís foi 630 para 800 entre 2012 e 2013.

Ele também afirma ainda que a crise na segurança é apenas "a ponta de um iceberg" muito maior. "O descalabro atinge todas as áreas da administração: a saúde, a educação, a infraestrutura, tudo", diz ele. "Ou seja, reflete o fim de um ciclo, o esgotamento de uma estrutura de poder que transformou o Maranhão no estado com os piores indicadores sociais do País".

Líder nas pesquisas para o governo estadual, ele afirma que a crise atual amplia o desconforto na relação entre PT e PMDB. "Como a base do PT irá apoiar essa administração, que não consegue garantir direitos humanos básicos?", indaga. Dino lembra ainda que, assim como a família Sarney, ele também integra a base aliada e que o PCdoB apoia o PT em vários outros estados.

O apoio à família Sarney, no entanto, tem sido sempre uma condição imposta pela cúpula do PMDB para garantir a aliança com o PT nas eleições nacionais. Desta vez, no entanto, o caldo pode estar prestes a entornar.

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