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15 de nov. de 2014

Por Thiago Herdy

A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), é investigada por suspeita de receber propina para que o governo do estado antecipasse o pagamento de um precatório de R$ 120 milhões às construtoras UTC/Constran. O acordo teria sido intermediado pelo doleiro Alberto Youssef e foi descoberto no âmbito da Operação Lava-Jato.

Pela suspeita de envolvimento da governadora, o caso foi apartado do processo e remetido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), em função de seu foro privilegiado. Na sexta-feira, o governo do Maranhão negou que Roseane conhecesse ou tivesse estado com Youssef.

O doleiro foi preso em março deste ano quando estava em São Luís (MA) para pagar a propina em dinheiro, segundo suspeita da PF. No despacho que autorizou a ação de ontem, o juiz da 13 Vara Federal do Paraná, Sérgio Moro, escreveu ver com "estranheza que empreiteira utilize os serviços de Alberto Youssef, especialista em lavagem de dinheiro, para negociar precatório com o governo estadual".

O magistrado citou como "prova robusta" do envolvimento do doleiro mensagem eletrônica enviada em dezembro de 2013 a ele pelo administrador da UTC, Walmir Pinheiro Santana, com cópia para Ricardo Pessoa, presidente da UTC, congratulando-o pelo sucesso na negociação do precatório.

Também são citados depoimentos que confirmariam o pagamento e imagens de câmeras do hotel em que Youssef se hospedou na ocasião em que foi preso. Moro citou o caso para "ilustrar a relação próxima entre Alberto Youssef e a UTC/Constran".

O governo do Maranhão informou que o caso da empresa UTC estava em primeiro lugar na lista de precatórios quando cumpriu o acordo para pagamento de ação de indenização, proposta há 25 anos. "O acordo homologado pela Justiça foi vantajoso para o Estado, pois trouxe economia aos cofres públicos", alegou, em nota.

Governo esclarece – Em resposta à material de O Globo, publicada em sua edição deste sábado, o governo do Maranhão encaminhou ao jornal a seguinte ‘Nota de Esclarecimento’:

“O precatório referente à Constran foi objeto de ação rescisória ajuizada pelo MP-MA, em 27/8/2013. Vale ressaltar que, quando da ação rescisória, o caso estava no primeiro lugar da lista de precatórios.

Trata-se de uma ação de indenização proposta por uma empreiteira, há mais de 25 anos, julgada procedente pela Justiça do Maranhão e, apesar de interpostos recursos perante o STJ e STF, os mesmos não foram admitidos, sendo, assim, transitado em julgado a decisão que deu ganho de causa à Constran. O Governo cumpriu um acordo homologado pela Justiça de parcelamento do precatório, em razão de não dispor de recursos para o seu pagamento . E nunca antecipou valor à construtora.
A Constran era titular de um crédito contra o Estado do Maranhão de R$ 113.366.859,81. Em face do acordo, esse montante foi dividido em vinte e quatro parcelas mensais, excluindo o pagamento dos juros e correção monetária nesse período, o que representou economia para o Estado do Maranhão no valor de R$ 28.900.000, não havendo assim qualquer pecha de ilegitimidade do ato, que atendeu ao interesse público.

Ressalte-se, ainda, que no despacho do Juiz Federal Sérgio Moro, há o seguinte esclarecimento: "Faço referência a esse fato apenas para ilustrar a relação próxima entre Alberto Youssef e a UTC/Constran, ressalvando que ele não constitui objeto da representação."
É importante destacar ainda que a governadora Roseana Sarney reitera que não conhece e jamais teve contato com Alberto Youssef; repudia veementemente qualquer ilação sobre recebimento de propina; e estranha a inclusão e o destaque dado a essa matéria na edição de hoje, já que seu nome não consta da investigação da Petrobrás”.    

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