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28 de nov. de 2014

Jornal Pequeno
Ao condenar, em entrevista ao Observatório da Imprensa, o uso político dos meios de comunicação, o governador eleito, Flávio Dino, recoloca, no Maranhão, uma das questões mais sérias dos últimos tempos e que tem ocupado o discernimento de grande parte da intelectualidade brasileira. E nunca é demais lembrar que a campanha de Flávio Dino foi vencedora enfrentando um dos mais antigos monopólios de comunicação do país, o do ‘coronel eletrônico’ José Sarney, apenas com a força de jornais regionais, blogs, redes sociais e dois meses de propaganda na televisão.

Através de monopólios e oligopólios de comunicação, conforme especialistas, grandes grupos econômicos determinam o que a maioria das pessoas lê, ouve e vê neste país. E essa capacidade de interferir na opinião pública, para o bem e para mal, faz de políticos e governantes eternos aliados desses monopólios, minando qualquer possibilidade de intervenção na renovação das concessões das grandes redes de comunicação. Mas o fato é que somente 12 famílias controlam os principais meios de difusão de informações no Brasil. Ou seja, embora se tratem de outorgas de serviços públicos, ainda não conseguimos democratizar a comunicação social.

O governador eleito – e esse é um item programático – pretende reforçar a rede pública, incentivar as rádios comunitárias e ampliar o acesso à banda larga nas cidades maranhenses. A universalização da internet, o apoio às rádios comunitárias, jornais regionais e blogs noticiosos parece ser o caminho mais fácil para enfrentar os monopólios localizados, como esse que durante tanto tempo serviu ao sarneisismo, e democratizar a comunicação.

Lembremos só que o uso político dos meios de comunicação muitas vezes permitiu que as transferências de recursos do governo do Estado para o Sistema Mirante superassem os investimentos em agricultura e outras áreas sensíveis da administração.

Por outro lado, o governo do PT sempre que propõe a regulação das mídias, busca fazê-lo pelo viés da sujeição econômica, (eles usam a palavra controle) o que, de longe, cheira a armadilha, pois esconde nessa proposta o objetivo principal, que é conseguir o controle de conteúdo.      Nada mais nada menos que uma forma de censura financeira que o povo brasileiro não está mais disposto a suportar.

Na Presidência da República, o então presidente José Sarney distribuiu concessões de TV e Rádio como bombons em dia de São Cosme e Damião, o que, para muitos, garantiu-lhe um ano a mais de mandato. É mais uma comprovação do abusivo uso político dos meios de comunicação e um indicativo de que a democratização desses meios precisa ser debatida exaustivamente pela sociedade. Por enquanto, a população patina entre a ditadura dos monopólios a determinar o que todo mundo pode ler, ver, ouvir, e as segundas intenções de políticos e autoridades que sonham em controlar o conteúdo noticioso e de opinião para que escândalos como da Petrobrás, por exemplo, possam sempre ser redimensionados.

 

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