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29 de nov. de 2014

Jornal Pequeno
E caminhamos, mais uma vez, para o número recorde de quase mil assassinatos este ano, repetindo a insensatez do ano de 2013. O nível de violência em São Luís, uma ilha com pouco mais de 1 milhão de habitantes, desafia todos os conceitos, reprime todas as teorias sobre a origem da selvageria humana. Mal podemos crer que mais de mil pessoas são assassinadas todos os anos na capital do Maranhão.

É uma chacina que se repete de forma incontrolável, denunciando a ausência do estado e a existência de um poder paralelo que se constrói paulatinamente, minando todos os valores da convivência em sociedade. Talvez a exaustiva cantata da falta de políticas públicas já não explique mais nada, pois nos grotões do desamparo, a juventude parece perceber mais poder nos chefões do tráfico que nas autoridades constituídas e vê mais vantagens econômicas no submundo do crime que nas escolas e salas de emprego.

O mapa da violência indica que 56 mil pessoas foram assassinadas este ano no Brasil e o triste é perceber que quase mil destes homicídios foram cometidos em São Luís! Uma estatística de horror que suplanta números de guerras e que se ajusta à  falta de poder de decisão das autoridades quando é a sociedade que precisa ser protegida dela mesma.

Nas últimas décadas, no Brasil, 15,2 milhões de armas de fogo foram parar em mãos privadas, 6,8 milhões delas registradas, 8,5 não registradas e 3,8 milhões em mãos de criminosos. O resultado de tanta leniência é uma verdadeira estatística de horror. Entre 1980 e 2010, 800 mil cidadãos morreram neste país por disparos de armas de fogo. E depara o Maranhão com esse comparativo que surpreende o ano de 2014: a imprensa nacional se revela estupefata com as 56 mil mortes que ocorrem anualmente neste Brasil de quase 200 milhões de habitantes e, pelo que revelam os números de homicídios contados mês a mês, repetimos, quase mil foram cometidos somente em São Luís.

Desculpas sócio-econômicas não justificam mais esse genocídio. Uma verdade que salta aos olhos é que o governo tem sido displicente com a segurança pública. O Maranhão tem o menor número de policiais por habitante no Brasil. Esse é um dado real que influi diretamente no nível de violência. A política de segurança pública é totalmente equivocada. Faltam presídios, o Complexo de Pedrinhas vive superlotado e é invasivo do ponto de vista da comunicação entre bandidos presos e bandidos soltos de uma mesma facção.

A Justiça também se mostra leniente com a criminalidade. Há poucos dias, dois policiais foram mortos por criminosos presos diversas vezes pela polícia e libertos pela impossibilidade da aplicação correta da Lei de Execuções Penais. Como sempre, a impunidade estimula a violência. O controle dessa violência não depende, portanto, somente de novas cadeias e mais policiais nas ruas. O Maranhão precisa, urgentemente, inaugurar uma política real de segurança pública.

 

 

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