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28 de jul. de 2013

Jornal Pequeno
Ex-governador José Reinaldo Tavares
No próximo dia 10 de agosto completa exatamente um ano que o Procurador-geral da República, Roberto Monteiro Gurgel, avocou para si o recurso contra expedição de diploma (RCED) nº 809, proposto pelo ex-governador José Reinaldo, que pede a cassação do mandato de Roseana Sarney por abuso de poder político e econômico nas eleições de 2010. Consta da denúncia que a governadora teria gasto recursos públicos na ordem de mais de um bilhão de reais em convênios eleitoreiros feitos às vésperas da eleição. Assinam o processo os advogados Rodrigo Lago e Rubens Pereira Junior.

Ouvido pela reportagem do Jornal Pequeno, o ex-governador José Reinaldo Tavares (PSB) disse: “a grande dúvida é saber se Gurgel deixará para seu sucessor o caso, ou se completará o serviço, dando um parecer favorável para salvar o mandato de Roseana Sarney”. Disse ainda o ex-governador que tão logo termine o mandato de Roberto Gurgel, no próximo dia 15 de agosto, ingressará com um procedimento junto ao Conselho Nacional do Ministério Público, CNMP, para investigar a conduta do procurador.

O mandato de Roberto Gurgel, na Procuradoria Geral da República, se encerra no próximo dia 15 de agosto, quando será substituído por um dos sub-procuradores gerais da República que constam de uma listra tríplice que está com a presidente Dilma Rousseff, para fazer a escolha e nomeação entre  Rodrigo Janot (511 votos), Ela Wiecko (457) e Deborah Duprat (445), escolhidos em votação pela categoria do Ministério Público Federal. No governo petista, tem prevalecido a tradição de nomeação do mais votado pela categoria, o que pode recair sob Rodrigo Janot, que bateu de frente com Gurgel em diversas oportunidades.

Existem rumores de que os três escolhidos pela categoria são desafetos de Roberto Gurgel. Os três procuradores mantiveram distancia de Gurgel durante a campanha eleitoral junto à categoria, pois não queriam ligações com o chefe do Ministério Público. Gurgel é mal visto pela sua atuação em casos envolvendo políticos, a exemplo de Roseana Sarney e do ex-senador Demóstenes Torres.

Até o momento, às vésperas de completar um ano que avocou o caso para si, o procurador-geral Roberto Gurgel, não deu seu parecer no processo de cassação de Roseana Sarney. O engavetamento levou ao fim do mandato do relator, ministro Arnaldo Versianni. O RCRED irá agora para a substituta de Versianni, Luciana Lócio, que foi advogada de Roseana. 

REDE DE PROTEÇÃO – Desde o início do processo de cassação do mandato de Roseana Sarney na Justiça Eleitoral, em dezembro de 2010, que o caso está envolto em nuvens cinzentas. Protocolada a ação no Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão, Roseana Sarney só foi intimada para apresentar sua defesa cerca de três meses depois. Em seguida o caso foi enviado ao Tribunal Superior Eleitoral onde tramitam ações desse tipo.

No processo de cassação movido por Roseana Sarney contra Jackson Lago, em 2007, o Tribunal Regional Eleitoral intimou Jackson nos primeiros dias de governo, poucos dias de ajuizado o processo.

No TSE, o caso foi distribuído ao ministro Arnaldo Versianni, famoso jurista eleitoral, e conhecido pelo seu rigor em casos de corrupção eleitoral. O ministro, então, determinou que o Tribunal Eleitoral do Maranhão fizesse as audiências das testemunhas de Roseana Sarney.

A chamada “carta de ordem”, do TSE, chegou ao TRE/MA e foi distribuída ao advogado, que exerce mandato de juiz eleitoral, Sérgio Muniz, cujo pai, Antonio Muniz, é secretário adjunto do governo de Roseana Sarney. No dia 01 de setembro de 2011, a carta de ordem do TSE, chegou ao juiz Sérgio Muniz.

Na véspera de expirar o prazo para cumprir a ordem do TSE, Sérgio Muniz, que havia passados 58 dias sem dá qualquer despacho no processo, “descobriu” que faltavam alguns documentos vindos do TSE. Nem marcou audiência e devolveu todo o processo ao Tribunal Superior Eleitoral. O TSE, então, determinou o retorno da carta de ordem ao TRE do Maranhão, e foi redistribuída ao juiz federal Nelson Loureiro, que, no dia 14 de dezembro de 2011, designou a audiência para ouvir as testemunhas de defesa de Roseana para o dia 27 de janeiro de 2012, que não chegou a se realizar por causa de inúmeros recursos de Roseana e Washington para adiar as oitivas de suas próprias testemunhas.

Foi necessária a intervenção do ministro Arnaldo Versianni, do TSE, para determinar que o TRE/MA cumprisse imediatamente a ordem de realizar a audiência, que somente ocorreu em 06 de março de 2012, mais de seis meses depois de a carta de ordem chegar às mãos de Sérgio Muniz. Ou seja, apenas no TRE do Maranhão o processo de Roseana permaneceu quase um ano.

Concluída a fase de provas e o caso de volta ao TSE, Roseana Sarney e Washington Oliveira entraram com recursos para retirar o ministro Arnaldo Versianni da relatoria, o que foi negado pela presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Carmen Lucia.

Acusação e defesa apresentaram suas alegações finais, em junho de 2012, e logo depois do recesso de julho, o processo foi encaminhado à procuradora Sandra Cureau, que atuava junto ao TSE e que tinha a responsabilidade de emitir parecer em processos de cassação contra governadores eleitos em 2010. O parecer era emitido numa média de 45 a 60 dias.

No entanto, Roberto Gurgel, que não havia atuado em nenhum caso de cassação de governador, avocou para si o processo de Roseana, que estava com Sandra Cureau, e o mantém desde o dia 10 de agosto de 2012.

Mais um dado comparativo com o caso Jackson Lago, faz surgir mais dúvidas quanto aos bastidores do processo de cassação de Roseana Sarney e quanto à atuação do Ministério Eleitoral. No processo de cassação movido por Roseana contra Jackson Lago, que culminou com a cassação do pedetista, o então procurador-geral à época emitiu o parecer em apenas 15 dias, pedindo a cassação do governador.

A reportagem do Jornal Pequeno, por telefone, tentou entrar em contato com a Procuradoria Eleitoral do MPF, para saber as razões da demora do parecer, mas não obteve êxito.

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