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17 de mar. de 2014

*Genilson Alves

A menos de quatro meses de iniciar a campanha eleitoral de 2014, o Partido dos Trabalhadores (PT) caminha para decidir seu rumo nas eleições deste ano: desempenhará decisivo e importante papel em eventual aliança com a oposição, em adesão ao PMDB ou apresentando uma candidatura própria, posto que possui base social e inserção partidária estadualizada, o maior tempo de televisão na propaganda partidária, o legado dos governos Lula/Dilma (pleno emprego, inclusão social com redução da miséria, valorização do salário mínimo, aumento do mercado consumidor, acesso ao ensino superior (Prouni, Fies, Sisu, Brasil sem Fronteiras), UPAs, Mais Médicos e o Bolsa Família), e o maior patrimônio do partido, sua aguerrida militância.

Na perspectiva de abrir o debate, advogo a tese de o partido apresentar uma candidatura própria a governador para disputar as eleições de outubro. Assim, o PT se reinseriria com altivez no debate político estadual, fortaleceria a disputa proporcional com a entrada de mais candidatos petistas e com possibilidade de eleger três estaduais e dois federais, garantia efetividade na campanha de reeleição da Presidenta Dilma e apresentaria um projeto democrático e popular para o Maranhão, alternativo à disputa plebiscitária anunciada (PMDB x PC do B).

O PT tem calendário e fóruns próprios para definir sua tática eleitoral. Nos dias 28 e 29 de março o colegiado de 260 delegados, representando todas as forças políticas internas de diferentes regiões do estado, definirá, no Encontro de Tática Eleitoral, seu caminho nestas eleições: apoio a candidato de fora (PC do B ou PMDB) ou lançar candidatura própria.

Muito embora o Diretório Nacional avoque para si os poderes de definição da política de alianças nos estados, cabe aos petistas das terras de Negro Cosme resistir à imposição da aliança com o PMDB. O PT/MA já cumpriu sua cota de sacrifício em 2010, quando da intervenção favorável ao Sarney. Fazer o que Rondônia, Goiás, Amapá e Pará já fazem, construindo candidaturas majoritárias em oposição ao PMDB. E compreender que em muitos estados os peemedebistas serão nossos adversários como no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Bahia e Ceará.

Não prospera o argumento de que não há mais tempo ou de que essa eleição se resume a um plebiscito, de quem é a favor ou contra o sarneísmo. Em 2002, somente em junho o PT apresentou sua candidatura e obteve mais de 6% dos votos válidos (Monteiro); em 2006 a força política do PT provocou a realização do 2º turno com o alcance de mais de 14% na chapa Vidigal/Terezinha Fernandes (PT), que levou a vitória do Dr. Jackson Lago, além dos mais de meio milhão de votos dados ao Bira para o senado. Como se falar em plebiscito com as candidaturas já colocadas de Eliziane Gama (PPS), Luis Pedrosa (PSOL) e Saulo Arcangeli (PSTU)? No Maranhão a eleição é de dois turnos e, em última análise, o partido dialogaria em outro patamar no 2º turno.

Uma proposta capaz de superar os indicadores sociais negativos do estado, universalizar os direitos, ampliar o alcance e a qualidade das políticas públicas implantadas nestes 10 anos de governo federal no Maranhão, resgatar o protagonismo juvenil, inserindo a juventude nos espaços de decisão. Um modelo de desenvolvimento econômico sustentável, com distribuição de renda e inclusão social, enfrentando as enormes desigualdades de gênero, racial e social, combatendo a homofobia e qualquer forma de discriminação.

Se, por um lado, o nome que representará esse projeto não pode ser vinculado à prática do mandonismo, que marca a vida política do estado nas últimas décadas, produzindo pobreza e concentração de renda, por outro, este nome não pode ser atrelado ao projeto que reúne setores atrasados da política maranhense. Do contrário, a eventual candidatura petista não terá o respeito da sociedade maranhense.

A única certeza nesse cenário é a disposição do povo maranhense em abrir uma nova janela política para o estado, na perspectiva da universalização dos direitos e da promoção da cidadania. Cabe à militância petista refletir profundamente seu papel nessa nova possibilidade histórica. O PT não pode abrir mão de contribuir na construção de um estado livre, justo e fraterno.
*Genilson Alves é jornalista e membro da Executiva Estadual do PT/MA  

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