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8 de nov. de 2013

O jornalista Luís Henrique Silva de Sousa, 54 anos, um dos candidatos a presidente do diretório estadual do PT no Maranhão, concedeu entrevista onde fala da possibilidade de comandar o partido no estado e da atual aliança da sigla com o PMDB. Para ele, a adesão do PT ao governo Roseana Sarney, liderada pelo vice-governador Washington Luiz, representa um grande retrocesso.

“Trouxe graves consequências para o PT. Não temos relevância (o que não me surpreende), o vice-governador ocupa função protocolar, está lá para dar posse e fazer discurso nas solenidades que a governadora não quer ir. A relação é servil, humilhante. As secretarias são arranjos políticos”, critica.

Atualmente, Henrique Silva desempenha o papel de Assessor Parlamentar do deputado Zé Carlos do PT e é um dos coordenadores do Coletivo PT para Todos, instituído em 2013. No Processo de Eleição Direta (PED), ele terá com principais adversários o atual presidente Raimundo Monteiro (Construindo um Novo Brasil, defende reedição da aliança com o grupo Sarney), Augusto Lobato (Resistência Petista, aliança com o PCdoB de Flavio Dino) e Eri Castro (apoio a Flávio Dino).
Henrique e Lobato já fecharam um acordo estarão juntos no segundo turno contra Monteiro.
Acompanhe, a seguir, a entrevista:

Por que você quer ser o presidente do PT?


Henrique – Não é uma decisão minha tão somente, mas de vários companheiros e companheiras petistas. Uma candidatura que nasce essencialmente em um ambiente coletivo, de gerações distintas, correntes e tendências internas. No grupo existem companheiros com os quais convivo e milito há anos, mas também aqueles que não se relacionavam politicamente conosco até bem pouco tempo, todos nós afetados pelos lados que defendíamos. De repente nos encontramos, dialogamos e queremos outro caminho para o PT.

Quero ser o presidente do diálogo; da descentralização do PT, com a implementação das sedes regionais; do PT que traga os grandes quadros que possui para debater e discutir com a sociedade maranhense, temas relevantes da pauta nacional, como a reforma política. Quadros como o do ex- presidente Lula, Marilena Chauí, Tânia Bacelar; de um PT que seja capaz de produzir uma proposta de desenvolvimento para o nosso estado a partir dos nossos intelectuais e do movimento social. Quero ser presidente e, junto com as demais forças, poder definir um projeto político próprio. Pretendo desembarcar o partido que hoje ocupa espaço na imprensa pelas desavenças de suas lideranças, sem mascarar nossas diferenças, mas que seja capaz de ser celeiro e estuário dos temas e projetos relevantes para o povo. É isso o que a população espera de nós.

Sei que a missão é difícil e desafiadora, sei que estamos enfrentando a conjuntura mais complexa da nossa história, em um ambiente interno de crise profunda – inclusive com a desfiliação de alguns dos nossos quadros mais significativos -, mas me sinto preparado para enfrentar as adversidades e contribuir com o entusiasmo de minha militância para um PT forte, um PT protagonista.

O que significa o Coletivo PT para Todos?


Henrique – É um ideal. É uma possibilidade de transigir. É construir, na adversidade, a unidade na ação. É lutar por um PT republicano. É lutar contra a ideia do hegemonismo que tanto mal nos causou. É nos libertar das amarras que nos tem aprisionado durante os últimos 20 anos do PT de Washington ou PT de Dutra. É fazer com que esta prática seja passado. É o confronto intransigente com o personalismo. Pretendemos, enquanto grupo interno, debater e defender à exaustão nossas ideias, sem, contudo, enquanto comando, deixar de encaminhar ou boicotar o que a maioria decidir. É dialogar mais com os de dentro do que com os de fora. A proposta é clara: é um PT de todos e para todos os petistas.

Qual sua opinião sobre a política de alianças adotada nas últimas eleições pelo PT do Maranhão?
Henrique – A política de alianças no estado representa um retrocesso em nossas aspirações como partido, o que trouxe graves consequências para o PT. Agora mesmo é ela a responsável pela debandada de companheiros históricos. Por outro lado, temos sido coadjuvantes em projetos alheios. Foi assim com Jackson, quando o governo era comandado por forças conservadoras – principalmente lideranças do PSDB – e ficamos na periferia.

A situação não é diferente hoje com o PMDB. Não temos relevância (o que não me surpreende), o vice-governador ocupa função protocolar, está lá para dar posse e fazer discurso nas solenidades que a governadora não quer ir. A relação é servil, humilhante. As secretarias são arranjos políticos.

Quando você encara as experiências municipais, a situação é pior. Hoje há lideranças, vereadores petistas, que acatam as determinações políticas dos prefeitos, ignorando o próprio partido. É comum ver petistas apoiando deputados de outros partidos, comandados muitas das vezes por prefeitos do próprio PT. Em 2010, somente um prefeito petista apoiou candidato do PT a federal e estadual; isso porque o estadual era irmão dele, o que tende a não se repetir, pois o dito irmão não está mais no PT.

A política nacional de aliança é uma necessidade para governabilidade, mas serve ao nosso projeto. No estado e nos municípios tem sido o inverso. Os projetos políticos pertencem aos aliados nacionais, que nos submetem a uma conveniência político-eleitoral que é danosa para o futuro do PT no Maranhão. Precisamos nos reencontrar enquanto projeto partidário.

*Jornal Página 13  - PT

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