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9 de nov. de 2013

Jornal Pequeno
O deputado federal Renato Simões, candidato a presidente nacional do PT no PED deste domingo, tem sido uma presença constante em São Luis, onde vem apoiando as correntes que atuam no campo da Resistência Petista e que se posicionam contra a manutenção da aliança com o grupo Sarney para a disputa das eleições 2014.    

De passagem pelo Maranhão para mais uma rodada de conversações com o chamado PT anti-Sarney, Simões falou com exclusividade ao Jornal Pequeno sobre o que pensa da aliança do partido com o PMDB da governadora Roseana Sarney e disse que considera um contra-senso manter a legenda atrelada ao que, segundo ele, existe de pior na política do país.   

Jornal Pequeno- Diante da crise que o PT vive no Maranhão, o PED servirá para unir ou acentuar a divergência entre as tendências?

Renato Simões - Nós esperamos compor uma posição de maioria pela retomada da autonomia, da identidade própria do PT e do seu protagonismo na sociedade do Maranhão. Isso implica em se afastar do governo Sarney, criar as condições e tomar frente de esquerda viável para disputar o governo do Estado em 2014. E é em torno dessa maioria que esperamos construir uma pacificação do PT do Maranhão, uma vez que o apoio ao grupo Sarney é o grande responsável pelas divergências internas do PT no Maranhão, nos últimos anos.

JP - Como o senhor vê a determinação da ala majoritária do PT em se aliar com o grupo Sarney?

RS - Realmente é um contra-senso. A aliança nacional podia prescindir desse tipo de preço altíssimo, pago pelo PT. De fato, o grupo Sarney é um atraso para o Estado do Maranhão e exerce uma pressão sob o Estado brasileiro, que impede o Estado de avançar para reformas estruturais. O povo do Maranhão sente na carne essa dissintonia entre os avanços sociais e econômicos do Brasil e o atraso político e econômico do Maranhão. Por isso, o PT precisa rapidamente mudar de rota, afastar-se dos Sarney e reconstruir uma imagem positiva do partido no Estado do Maranhão.

JP - Existe a possibilidade de acontecer com o Maranhão o mesmo que pretendem fazer no Rio de Janeiro, em que a presidente Dilma Rousseff poderá ter à sua disposição vários palanques?

RS – Na verdade, apoio não se rejeita, mas nós precisamos de um palanque nos estados que seja coerente com programa e o palanque nacional. Portanto, não tenho dúvida de que o melhor palanque para a presidente Dilma no Maranhão, hoje, é o palanque do Flávio Dino e das forças que o apoiam. Nós podemos efetivamente ter um processo, tanto no Maranhão quanto nos outros estados, em que a presidente tenha apoio de múltiplas forças partidárias. O que não dá é para que o PT do Estado do Maranhão componha novamente chapa com os Sarney.

JP - Dentro dessas novas configurações políticas que estão surgindo no país, existe espaço para alianças com o grupo Sarney?

RS - O Brasil vive uma crise da sua democracia representativa e nunca as instituições políticas foram tão questionadas pela sociedade. Em boa medida isso tem ligação com a incapacidade do Congresso Nacional de auto-reformar e promover uma ampla reforma política no país. O PMDB foi, este ano, o principal adversário das teses da presidente Dilma e do PT em relação à reforma política. Foi contra a Constituinte exclusiva e o plebiscito para convocá-lo, defendido pela presidente Dilma em rede nacional de televisão. Aprovou a micro reforma eleitoral danosa aos interesses do povo brasileiro, para mascarar a ausência dessa reforma política. Do modo que nós entendemos, a reforma política é central pra reatar os laços das instituições políticas com a sociedade, e, nesse momento, o PMDB e as raposas principais do PMDB jogam contra esse avanço democrático.

JP – O que senhor espera do PED/PT 2013?

RS – Eu espero, em primeiro lugar, que ele seja o último. O PED não é o melhor instrumento para o debate político necessário para coesionar o partido. Transformou-se numa mera movimentação de máquinas partidárias, permitindo, inclusive, irregularidades graves, como a que nós verificamos em vários municípios do Maranhão, onde as contribuições coletivas foram deturpadas contra o espírito do próprio estatuto e do regimento. Nós defendemos um modelo congressual com maior participação da militância na definição das políticas, dos programas e das direções partidárias. Mas nós esperemos que, nesse PED, as esquerdas petistas avancem e façam da sua tese central, uma tese vitoriosa no quinto congresso do PT. A inclusão das cinco grandes reformas democráticas e populares: reforma agrária, urbana, política, tributária e da comunicação de massa, no centro do programa de partido e no programa de governo do segundo mandato da presidente Dilma.

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