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16 de abr. de 2014


Editorial – Jornal Pequeno

Não se tem notícias, hoje, de um presidenciável que se sinta à vontade para estar no palanque de quem quer que seja o candidato do senador José Sarney no Maranhão. Não adianta querer mistificar, dizer que Flávio Dino está sendo antiético - palavras de Lula, segundo Edinho Lobão –, porque a dura verdade é uma só: os presidenciáveis do Brasil não querem ser filmados nem fotografados num palanque de Sarney. É pisar e ter que lidar com uma explosão de contrariedades ideológicas nas redes sociais de todo o país. Eleitoralmente, pisar num palanque de Sarney é pisar em votos, esmagar votos, esvaziar atos públicos, dispensar apoios, alimentar rejeições em todo o Brasil. Afinal de contas, não houve, nos últimos anos, uma única manifestação pública na qual Sarney não figurasse como vilão da política brasileira. Fato.

Ninguém consegue sequer imaginar Eduardo Campos e Marina Silva no palanque de um candidato, ao lado de Sarney. Não vai querer Aécio Neves, disposto a desbaratar os crimes financeiros cometidos contra a Petrobrás, ser citado por seus adversários em Minas como cultor da política ‘sarno-lulista’ ou ‘lulo-sarnista’ que nada faz contra a corrupção nas estatais.

Quanto a Dilma, pobre Dilma. Com a eleição ameaçada pelos oleodutos da corrupção, economia caótica, obras superfaturadas da Copa do Mundo, desvios de verbas no programa “Minha Casa, Minha Vida” e por uma geração que marca protestos políticos pelo celular, ainda ser obrigada a pedir voto para candidato de Sarney é a treva. Mesmo ainda sendo Lula o seu grande cabo eleitoral, num palanque de Sarney a presidente vai queimar votos e, principalmente, votos que não são do Maranhão.

Todos os partidos que realmente importam, à exceção do PT, cujo eleitorado no Maranhão cabe inteiro no Tribunal de Contas do Estado, estão coligados à candidatura de Flávio Dino. E, pelo andar da carruagem, também o PPS e o PSDB devem seguir o mesmo rumo. Em outras palavras, não é Flávio Dino que oferece palanque a todos os presidenciáveis, são os presidenciáveis que fogem do palanque de Sarney como o diabo foge da cruz. E é para o palanque de Flávio Dino que eles vão, mesmo porque é neste palanque que vão estar seus partidos e coligações. Imaginem só o PSDB nas ruas pedindo votos para Flávio Dino e Aécio Neves no palanque de Sarney. Imaginem o PSB coordenando a campanha de Flavio Dino e Eduardo Campos no palanque de Edinho Lobão. A questão, portanto, é que Sarney hoje é uma rejeição nacional e transfere isso para qualquer candidatura que abençoar. Diante da queda de Dilma nas pesquisas e da possibilidade inarredável de manifestações públicas às portas da Copa do Mundo e da campanha eleitoral, candidato nenhum a presidente vai arriscar perder parte de seu eleitorado aprovando publicamente a política de José Sarney.    São os tempos modernos. A informação percorre o mundo em questão de segundos e em questão de segundos um candidato pode virar pó.

Para todos os presidenciáveis, é o palanque de Flávio Dino ou é palanque nenhum.

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