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2 de out. de 2014

Editorial – Jornal Pequeno

Mais ônibus foram incendiados, ontem, em São Luís, em plena luz do dia. A impressão que se tem é de que alguém teve a idéia de reconvocar facções criminosas ou pagar vândalos para aterrorizar o eleitor nestes quatro dias que antecedem as eleições. E o objetivo só pode ser um: que esse terror afaste a população das ruas provocando a mais monumental evasão eleitoral da história de São Luís.

Já é hora das Polícias Civil, Militar e Federal e da Justiça se perguntarem quem tem interesse em manter a grande maioria do eleitorado em casa até a próxima segunda-feira, quem são os interessados em provocar uma grande abstenção no Estado, quem, tresloucadamente, é capaz de tudo; não para forçar um segundo turno, a essa altura do campeonato praticamente impossível, mas para diminuir o vexame.

Os sindicatos já ameaçam o recolhimento imediato dos transportes coletivos da capital. E a quem serve isso?

A pista principal é a campanha suja, a campanha dos que nesse tempo todo se mantiveram bem abaixo de todas as baixarias. Assistimos de tudo, inclusive o ex-juiz federal Flávio Dino ser apresentado num programa eleitoral como sendo “um perigo para a sociedade”. Assistimos a um canal de televisão, desrespeitando decisão judicial, veicular insistentemente um vídeo apócrifo cujo principal entrevistado é um reconhecido membro de uma facção criminosa. Vimos uma moça, Kátia Maranhão, destilar ódio no programa eleitoral gratuito como se fora uma fera ensandecida.

O Maranhão jamais assistiu a tão grave caso de desrespeito a um povo que não está obrigado a pagar impostos para suportar esse mau cheiro de fezes com sangue em frente à sua televisão, nas salas de casa. É uma barbárie cívica inominável, o espatifar de todas as nossas tradições de cultura e civilidade. E, agora, os que atacavam a sociedade durante a noite estão fazendo isso à luz do dia, como se aqui não existisse Justiça, não existisse Polícia, como se completamente inúteis fossem as instituições públicas.

É impossível que não exista força pública no Maranhão capaz de conter o pânico, o ódio, o “estado de guerra” que emerge dessa campanha política de desespero. É impossível continuar entregues ao desvario dos que aqui, qual membros de um Estado Islâmico, sentem-se “eleitos de Deus”, nunca para o bem, sempre para o mal.

Não podemos mais acreditar que o Maranhão esteja sendo governado de dentro de uma Penitenciária. Porque o cheiro do mal é onipresente, está no ar, nas praças, está nos olhos apavorados da população, nas palavras não ditas, nos protestos contidos, no medo na porta da boca, como se de repente essa terra se transmutasse em sucursal do inferno e não fosse mais o Maranhão.


 

 

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