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10 de ago. de 2013


BRASÍLIA - O megaescândalo envolvendo tucanos em São Paulo com fraudes no Metrô é mais um capítulo da purgação pela qual passa o sistema político brasileiro pós-ditadura militar.

Não houve um único governo recente sem grandes escândalos de corrupção. José Sarney teve a licitação combinada da ferrovia Norte-Sul. Distribuiu emissoras de rádio e TV a políticos para garantir um mandato de cinco anos.

Fernando Collor sofreu um processo de impeachment. Seu vice, Itamar Franco, assumiu com reputação de homem limpo, mas, sob seu governo, eclodiu o caso dos "anões do Orçamento", com congressistas roubando à larga o dinheiro público.

Fernando Henrique Cardoso teve a compra de votos a favor da emenda da reeleição. Depois, as suspeitas de intervenção indevida na formação dos consórcios do leilão de privatização das empresas telefônicas.

Luiz Inácio Lula da Silva e o PT chegaram ao poder federal propondo moralizar as coisas. 
Protagonizaram o mensalão. Dilma Rousseff já demitiu ministros a granel, muitos suspeitos de corrupção.

O caso dos tucanos paulistas ajuda a compor a paisagem. O efeito colateral mais nefando é reforçar o estereótipo segundo o qual "todo político é ladrão". A parte boa é que cada vez mais esses episódios ficam conhecidos.

Observador da política por dever de ofício, não creio haver hoje governos mais corruptos do que no passado. A diferença é que agora ficamos sabendo um pouco mais como são as coisas --embora de maneira modesta.

O Ministério Público atuante, a Justiça implacável e novas regras como a Lei de Acesso à Informação são os melhores remédios contra a corrupção na política. Mas esse receituário só surte efeito de maneira muito lenta. Por essa razão, e essa é uma má notícia, é prudente esperar ainda uma piora do quadro geral antes de tudo melhorar.

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