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25 de set. de 2014

Li no blog do Marcos D’eça uma tentativa desesperada de desvirtuar o maior escândalo da política eleitoral do Maranhão: o famigerado caso Reis Pacheco. D’eça ainda estava na fralda quando e, certamente por isso, se esqueceu de informar que quem fez a denúncia, com a ar de indignado, foi o próprio senador José Sarney, na reta final da campanha, no Jornal da Manhã, da TV Mirante, de sua propriedade.

Ao contrário do que o blogueiro afirma, Cafeteira aumentou a diferença para Roseana Sarney na reta final da campanha e todos davam como certa sua eleição quando José Sarney o acusou de ter sequestrado, matado e ocultado o cadáver do mecânico da Companhia Vale do Rio Doce, Raimundo dos Reis Pacheco, que havia se envolvido num acidente automobilístico em que faleceu o vereador Hilton Rodrigues, sogro de Cafeteira.

Posso afirmar, pois fui o assessor de imprensa daquela campanha da oposição, que toda farsa foi praticada pelo senador José Sarney, com ajuda do advogado Miguel Cavalcante Neto, o popular “Braço de Judas”, que registrou num cartório de Fortaleza que um tal Anacleto dos Reis Pacheco (figura fictícia), suposto irmão da suposta vítima, teria acusado o senador Cafeteira de ter sequestrado, matado e  ocultado o cadáver de Reis Pacheco.

Foi com esse registro forjado que Sarney foi para a televisão, ele em pessoa, denunciar que o Maranhão não poderia ser governado por um “assassino”. A partir daí, o jornal o Estado do Maranhão, a TV Mirante, a Rádio Mirante e todas as emissoras do interior do Maranhão ligadas à oligarquia Sarney passaram a repetir a mentira.

O estrago foi grande. Como não havia internet, os únicos meios de comunicação eram rádio, jornal, televisão e a lei era branda, correram para desmontar a farsa. Raimundo Reis Pacheco foi localizado no interior do Pará e o então presidente do Sindicato dos Ferroviário, Miguelzinho, levou uma equipe de TV para gravar seu pronunciamento avisando que tudo era mentira e que estava vivo.

O depoimento de Reis Pacheco chegou a tempo de ser exibido no último programa do horário eleitoral, mas para a decepção geral, a TV Mirante cortou o link que permitiria o interior do Maranhão tomar conhecimento da verdade. Com a atitude rasteira da Mirante, o programa foi assistido apenas pelos eleitores de São Luís. Ainda assim Roseana perdeu a eleição, coube ao TRE-MA a tarefa de transferir 100 mil votos em braço para ela, o que lhe deu uma vantagem sobre Cafeteira de apenas 18 mil votos.

O radialista Roberto Fernandes, hoje âncora da Mirante, com certeza, lembra daquela tarde de 1994 em que comentava a eleição na Rádio Educadora, quando o deputado Sarney Filho, bêbado, invadiu o estúdio para anunciar que Roseana havia vencido por 18 mil votos de diferença, antes mesmo do Tribunal Eleitoral anunciar o resultado da votação. Posteriormente o então senador Alexandre Costa confessou a Cafeteira que ele havia ganhado o pleito com 79 mil votos de diferença.

Cafeteira, talvez a maior vítima das maldades do Sarney, está vivinho e poderia dar uma grande contribuição para população maranhense, antes de se aposentar da vida pública, dando seu testemunho sobre este episódio que já se passaram 20 anos, mas que continua vivo na memória de quem viveu aquele período. Deveria falar também sobre o “Granville”, em que foi acusado, de forma covarde, de ter transportado para o Rio de Janeiro US$ 1 milhão através de uma transportadora de valores.    

Tudo mentira, mas que acabou enganando os incautos.

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