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18 de set. de 2014

Editorial – Jornal Pequeno

O caráter de uma campanha política se expõe a partir das armas usadas contra os adversários. O que não exclui a personalidade tortuosa dos que dessas armas se utilizam e o perigo que representam para um Estado ou Nação. Já havíamos chamado a atenção aqui para a pregação anticomunista dos defensores do candidato Lobão Filho, matéria que, agora, foi para as páginas do jornal O Globo.

Na mídia sarneisista, o candidato Flávio Dino, por integrar o PCdoB, transformou-se em ameaça à democracia, à liberdade de expressão e até à fé religiosa dos maranhenses. O Maranhão se tornaria uma espécie de Cuba, uma sucursal das repúblicas soviéticas, que, por sinal, extinguiram-se com a glasnot e a queda do muro de Berlim. Ao exagero da burrice e da falta de escrúpulos, um repórter perguntou em São Luís sobre a implantação do regime imaginado por Marx e Engels somente no Maranhão, e outro, em Imperatriz, entrevistou uma ‘evangélica’ encapuzada que mentia sobre ‘esquerdistas’ armados disparando armas de fogo para o alto.

A tentativa é criar um clima de terror na população religiosa; o crime é usar a fé do povo em Deus para apavorar os eleitores. Não é pouco, mesmo para uma gente que transformou Cafeteira em ‘assassino’, criando um cadáver, o de Reis Pacheco, que nunca tinha morrido, mas apenas sumido convenientemente do Maranhão.

O interessante disso tudo é que, poucos dias depois dessa intentona, o próprio Sarney confessaria ao blogueiro Robert Lobato ser um ex-comunista que só não se filiou ao partido porque sua mãe não permitiu. E não permitiu porque estava apavorada com o terror psicológico espalhado pelo regime militar para justificar as prisões, exílios, mortes e torturas, práticas viris do período de exceção. Estes, não eram atentados contra brasileiros, mas contra ‘comunistas’, comunistas comiam criancinhas, coisa em que a propaganda nazi-fascista do regime fez o povo acreditar.
 
Só para anotar, foi com Sarney na Presidência da República que os partidos comunistas foram legalizados no Brasil, uma das poucas coisas de que, como presidente, costumava se orgulhar.

Por apego ao poder, Sarney se tornou uma das principais lideranças civis em defesa do regime de terror instalado no Brasil. E, com a maestria de quem esteve tão próximo dos porões da ditadura, organiza seu séquito para hoje espalhar o terror na população maranhense, utilizando-se de um exército de neófitos que nenhum conhecimento têm sobre a história da humanidade, para tentar reverter uma realidade eleitoral que lhe é infensa. Ainda uma vez por apego ao poder.

O que fez Sarney com os que no Brasil lutaram pela liberdade, aliando-se aos fuzis, defendendo o silêncio imposto pelas baionetas quer fazer agora com o povo do Maranhão inteiro, criando aqui, e somente aqui, um regime político-eleitoral que antecede ao regime de terror que tanto defendeu.

 


 

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