Inércia
O Estado se tornou a prima-dona do noticiário
nacional com notícias ruins que vão desde as aferições de uma calamidade social
até a pantagruélica situação da própria governadora, subjudice, com a cabeça a
prêmio no Tribunal Superior Eleitoral. Os indicadores sociais, a debilidade
educacional, a espantosa criminalidade, denúncias de corrupção contra seus
auxiliares, vexames em cima de vexames e o governo consegue manter uma aura
intocável de anjo decaído à espera de que São Pedro lhe abra as portas
novamente.
A inaptidão administrativa do governo atravessou
agora as fronteiras do país. As cabeças decapitadas e o pânico vivido em São
Luís estão na BBC de Londres, no New York Times, na imprensa mundial. Nenhum
gesto. Nada que indique que o governo pelo menos se assustou. Nem sequer um
delegado de segunda instância foi demitido ou ameaçado de demissão. O governo
permanece imune aos acontecimentos, isento de culpas e de reações.
A opinião pública desaba sobre a cabeça dos
governantes e eles valsam com a periferia distribuindo promessas e sensações
itinerantes, sem tomar qualquer atitude que contenha o desamparo incontestável
da população. O deputado federal Domingos Dutra pediu intervenção federal no
Estado. Os deputados de oposição na Assembléia Legislativa, liderados por
Rubens Júnior, devem fazer o mesmo nos primeiros dias da próxima semana, mas na
há nada que faça o governo dar sinais de que pretende introduzir qualquer
modificação nesse modo de administrar.
Qualquer governo a essas alturas dos acontecimentos
já teria convocado a imprensa, proposto uma reforma administrativa, sinalizado
com investimentos na área social, demitido secretários, remanejado delegados,
criado alguma perspectiva de evolução que alcançasse a sociedade. Mas não faz
nada. Até a presença da Força Nacional em São Luís foi iniciativa da oposição
que fez questão de ignorar o governo do Estado e dirigir-se diretamente ao
Ministério da Justiça.
A placidez, a letargia, a imobilidade, a inércia do
governo diante dos acontecimentos é de causar espanto. O governo não modifica
por nada seus movimentos, segue em linha reta acidentada, no rumo de coisa
nenhuma, como um trem desgovernado que ninguém sabe onde vai parar. E freia de
surpresa para que os passageiros se esborrachem no chão da incompetência,
porque vem do próprio governo a incapacidade de promover qualquer alteração
governamental.
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