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17 de out. de 2013

Editorial – Jornal Pequeno

Foi talvez por sempre lidar com políticos preguiçosos e/ou desarticulados ou excessivamente radicais na oposição que Sarney exerceu tão longo domínio no Estado. Profissional, o senador soube se infiltrar em todas as esferas de poder, bajulando quem foi preciso bajular, favorecendo quem foi preciso favorecer para aqui construir sua República particular intocável, familiar, guarnecida por prefeitos, deputados, magistrados e quase todos os vereadores do Maranhão.

A partir do Senado, estendeu seus tentáculos ao Superior Tribunal de Justiça, ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo Tribunal Federal. Em todas essas castas plantou amigos e serviçais. A quase todos fez favores impagáveis e interferiu para que lograssem alcançar o posto máximo da magistratura. No Maranhão, escolheu quase todos os desembargadores furando as listas através de prepostos seus que governaram o Estado. E o mesmo ocorreu no Ministério Público. Na Assembléia Legislativa teve quase todos os deputados do seu lado nos últimos 40 anos. E até nas eleições da OAB sempre enfiou sua mão pesada. Dominou as instituições públicas.

Sarney nunca teve lado nenhum que não fosse o dele. Era o principal representante civil no governo militar, mas quando percebeu que as eleições diretas eram inevitáveis e que não havia mais condições morais para a repressão política no país, mandou seus filhos e prepostos gritarem “abaixo a ditadura” e “o povo unido jamais será vencido” em praça pública. Grudou-se em Lula e em Lula grudou toda a raça de corruptos e políticos vivaldinos do país. Tomou o PT no Maranhão, como já havia tomado o MDB em outras épocas e essa influência no PT durou até agora.

Sarney não estava preparado para a intransigência ideológica de uma ex-guerrilheira como Dilma Roussef, nem para a determinação moral, disposição, inteligência e visão políticas de um Flávio Dino. Nunca podia esperar que um candidato tivesse a idéia de contrapor ao governo itinerante os “Diálogos pelo Maranhão”, invadindo territórios eleitorais até então intocáveis de José Sarney. Um conhecedor profundo das leis que não se permitirá cometer derrapagens para que Sarney chame as “desembarganças” e resolva tudo no tapetão.

Um homem que não precisou de José Sarney para ser ministro nas cortes superiores do país e que, sem radicalismos de principiantes, uniu evangélicos e “pecadores” num mesmo propósito político para vencer a eleição BA capital e iniciar mais confortavelmente a caminhada rumo ao governo do Maranhão. A esperança de Sarney era o fracasso de Edivaldo Holanda Júnior, mas este circula no meio do povo com a mesma desenvoltura de quando se candidatou.

E agora Flávio Dino está conseguindo furar o bloqueio da Executiva Nacional do PT e deixar Sarney praticamente sem palanque no Maranhão. Sem Marina, sem Eduardo Campos, sem Aécio Neves, sem Dilma Roussef. Sem o PT, sem o PDT, sem o PSB, sem o PSDB, sem o PC do B. Sem ninguém. Não é mais briga de menino. É Flávio Dino contra Sarney e Sarney contra Flávio Dino.

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