Editorial – Jornal Pequeno
A partir do Senado, estendeu seus tentáculos ao
Superior Tribunal de Justiça, ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo
Tribunal Federal. Em todas essas castas plantou amigos e serviçais. A quase
todos fez favores impagáveis e interferiu para que lograssem alcançar o posto
máximo da magistratura. No Maranhão, escolheu quase todos os desembargadores
furando as listas através de prepostos seus que governaram o Estado. E o mesmo ocorreu
no Ministério Público. Na Assembléia Legislativa teve quase todos os deputados
do seu lado nos últimos 40 anos. E até nas eleições da OAB sempre enfiou sua
mão pesada. Dominou as instituições públicas.
Sarney nunca teve lado nenhum que não fosse o dele.
Era o principal representante civil no governo militar, mas quando percebeu que
as eleições diretas eram inevitáveis e que não havia mais condições morais para
a repressão política no país, mandou seus filhos e prepostos gritarem “abaixo a
ditadura” e “o povo unido jamais será vencido” em praça pública. Grudou-se em
Lula e em Lula grudou toda a raça de corruptos e políticos vivaldinos do país.
Tomou o PT no Maranhão, como já havia tomado o MDB em outras épocas e essa
influência no PT durou até agora.
Sarney não estava preparado para a intransigência
ideológica de uma ex-guerrilheira como Dilma Roussef, nem para a determinação
moral, disposição, inteligência e visão políticas de um Flávio Dino. Nunca
podia esperar que um candidato tivesse a idéia de contrapor ao governo
itinerante os “Diálogos pelo Maranhão”, invadindo territórios eleitorais até
então intocáveis de José Sarney. Um conhecedor profundo das leis que não se
permitirá cometer derrapagens para que Sarney chame as “desembarganças” e
resolva tudo no tapetão.
Um homem que não precisou de José Sarney para ser
ministro nas cortes superiores do país e que, sem radicalismos de
principiantes, uniu evangélicos e “pecadores” num mesmo propósito político para
vencer a eleição BA capital e iniciar mais confortavelmente a caminhada rumo ao
governo do Maranhão. A esperança de Sarney era o fracasso de Edivaldo Holanda
Júnior, mas este circula no meio do povo com a mesma desenvoltura de quando se
candidatou.
E agora Flávio Dino está conseguindo furar o
bloqueio da Executiva Nacional do PT e deixar Sarney praticamente sem palanque
no Maranhão. Sem Marina, sem Eduardo Campos, sem Aécio Neves, sem Dilma
Roussef. Sem o PT, sem o PDT, sem o PSB, sem o PSDB, sem o PC do B. Sem
ninguém. Não é mais briga de menino. É Flávio Dino contra Sarney e Sarney
contra Flávio Dino.
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