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18 de fev. de 2014

Em seu primeiro discurso na Assembleia Legislativa, no ano de 2014, em decorrência de um problema de saúde e do falecimento prematuro de seu irmão Ubiraci do Jaguarema Almeida Sousa, o deputado estadual Bira do Pindaré (PSB) questionou a conduta médica no atendimento que Ubiraci recebeu na UPA do Vinhais.

Ocupando a tribuna da Casa Legislativa, na manhã desta terça-feira (18), o parlamentar agradeceu a Deus pela força dada no enfrentamento dessa situação, e também agradeceu as manifestações de solidariedade, de apoio, de carinho e de afeto recebidas.

Bira apresentou um breve resumo dos acontecimentos e lembrou que no dia 03 de janeiro, Ubiraci, de 42 anos, deu entrada na UPA do Vinhais reclamando de intensa dor torácica. Na oportunidade, o profissional médico de plantão encaminhou o irmão do Deputado para a realização de um raio X da coluna e lhe deram uma medicação por via venosa de analgésicos.

O Deputado lembrou que em nenhum momento foi aferido o batimento cardíaco do seu irmão, e após o resultado do raio X da coluna constatou-se que Ubiraci não tinha nenhum problema ortopédico ou reumatológico. O Médico então receitou um remédio chamado Mioflex – indicado para espasmos musculares.

Ubiraci, por trinta dias, tomou a caixa inteira do Mioflex e justamente trinta dias após dar entrada pela primeira vez na UPA do Vinhais ele sofreu o primeiro enfarto do miocárdio da sequencia que o levou a óbito, no dia 11 de fevereiro. A bula do Mioflex afirma que o remédio é contraindicado para o uso em grávidas, lactantes, pacientes com úlcera, displasia e insuficiência cardíaca.

Os fatos levaram a família a se perguntar se houve negligência no atendimento e a questionar à conduta médica em todas as esferas cabíveis. Bira garantiu que já foi registrada uma ocorrência na polícia e serão realizadas representações junto ao Ministério Público, à Secretaria de Saúde do Estado, e ao Conselho de Medicina.

Para Bira, o caso de Ubiraci poderia ser enquadrado no que diz o Conselho de Medicina pelo Código de Ética Médica no Brasil no seu Artigo 32: Deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento cientificamente reconhecidos e ao seu alcance em favor do paciente. Pelo que consta todas as UPAs possuem serviço de eletrocardiograma.

“A mesma facilidade que teve de bater o raio X, teria de fazer o eletro, na mesma hora, no mesmo instante, por que não fez? Por que não fez o eletrocardiograma? Eu não consigo entender. Onde é que vive a cabeça de uma pessoa como essa que não fez o que era sua obrigação fazer?, questionou emocionadamente o Deputado.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cardiologia, em sua primeira diretriz sobre dor torácica de 2002 afirma que a variedade de possível gravidade das condições clínicas que se manifestam com dor torácica, faz com que seja primordial um diagnóstico rápido e preciso das suas causas. Esta diferenciação entre as doenças que oferecem risco de vida, dor torácica com potencial de fatalidade ou não é um ponto crítico na tomada de decisão do médico emergencista para decidir sobre a liberação ou admissão do paciente ao hospital e de iniciar o tratamento imediatamente. 

A Sociedade Brasileira de Cardiologia ainda afirma que a síndrome coronariana aguda, infarto agudo do miocárdio e angina estável representa quase 1/5 das causas de dor torácica nas salas de emergências e por possuir uma significativa morbimortalidade, a abordagem inicial, frisa-se bem; a abordagem inicial desses pacientes é sempre feita no sentido de confirmar ou afastar esse diagnóstico. Vários estudos têm sido realizados para determinar acurácia diagnóstica e a utilidade da história clínica e do eletrocardiograma, em pacientes admitidos na sala de emergência em dor torácica, para o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. 

O documento da Sociedade Brasileira de Cardiologia orienta procedimentos em todas as emergências do Brasil e para o deputado Bira não foi obedecido ou observado. Outro documento da Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro diz que o eletrocardiograma é obrigatório e deve ser realizado em todos os pacientes com dor torácica.

Bira lembrou que suas atitudes e de sua família não são motivadas pelo sentimento de vingança e sim pelo interesse público, para que situações como essa não se repitam com outras pessoas, que todos os dias precisam de serviço médico na rede publica e na rede privada do MA.

“Nós queremos que as instituições se manifestem que o Ministério Público fale, que a Secretaria de Saúde fale, que o Conselho de Medicina fale, que a polícia possa falar, e que, dessa forma, a sociedade tenha as respostas, essas respostas são para mim, não são para família, mas para toda a sociedade maranhense”, assegurou.

O socialista encerrou seu pronunciamento sugerindo à Secretaria de Saúde do Estado que adote um protocolo de atendimento mais claro, que possam ser capacitados todos os agentes de todas as unidades, sejam médicos, enfermeiros, auxiliares, maqueiros, sobre o protocolo de emergência.

O parlamentar também apresentará um Projeto de Lei que torne obrigatória a fixação de cartazes em todas as unidades hospitalares do Maranhão, divulgando para a população os principais sintomas das doenças cardiovasculares.

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