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30 de mai. de 2014

Editorial – Jornal Pequeno

Não tem como não dizer isso. O povo de São Luís começa a sentir um vácuo de autoridade no Maranhão. É inexplicável que a vontade de dois sindicatos, um deles patronal, em total afronta às leis e às determinações da Justiça, sobreponham-se aos direitos constitucionais e regulares de mais de um milhão de maranhenses que residem em São Luís.

A paralisação total da frota de ônibus da cidade, o que jamais aconteceria sem o resguardo do Sindicato das Empresas de Transportes, durando já três dias, é um acinte, uma agressão contra a sociedade. Esse movimento visivelmente desafia as autoridades constituídas e se transforma, por sua natureza reivindicatória disparatada, como um aumento abusivo de passagens e o pagamento de R$ 4 milhões aos empresários, num movimento de coação à sociedade e de desrespeito às instituições públicas.

A determinação do Tribunal Regional do Trabalho, de manutenção de 70 %da frota de ônibus nas ruas, é simplesmente ignorada e as multas diárias aplicadas, somente ao sindicato dos motoristas, o que é um erro, não surtem qualquer efeito. Em outras cidades a força pública chegou a ser usada para liberar o transporte coletivo e em quase todas elas, as greves, findaram sem acordos absurdos. O que acontece em São Luís beira à chantagem, e podem apostar que se trata também de chantagem política pela ocorrência de um ano eleitoral.

A sociedade não pode ficar exposta à ilegalidade dessa maneira. Principalmente se essa ilegalidade não tem objetivos sociais e serve tão-somente aos interesses de sindicatos e interesses particulares. São Luís está sitiada. A população foi confinada em casa ou ao caminho inútil entre asuacasa e uma parada de ônibus mais inútil ainda.

O comércio, a indústria, a economia do Estado estão tendo prejuízos incalculáveis, e mais de 1 milhão de habitantes estão sem acesso a qualquer serviço público. Inclusive segurança, inclusive hospitais. O deputado Othelino Neto disse, ontem, com todas as letras, que os empresários são os responsáveis por essa greve de rodoviários. Vai ver, se fossem só os trabalhadores a polícia já estaria nas ruas e líderes sindicais já estariam na prisão.

Já é hora da Prefeitura de São Luís reivindicar a força pública para manter a ordem; já é hora do Ministério Público mover ação penal contra os responsáveis por essa baderna, essa imoralidade; já é hora da Justiça se fazer respeitar em São Luís, por bem ou por mal. Ou alguém está achando que isso aqui é o fim do mundo e que existem castas privilegiadas imunes ao que determinam as leis.

Está faltando autoridade. Por conta dessa chantagem até o “Bonde dos 40” já se sente autorizado a fazer ameaças públicas à sociedade e cita a paralisação dos meios de transporte.


Quem não pode com o pote não pega na rodilha. Mandem parar isso ou desvistam suas togas, suas fardas, seus ternos de autoridade e de representantes do povo. O nome disse é coação moral irresistível e não greve.

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